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Montepio e ISEG apontam para aceleração da economia portuguesa no primeiro trimestre
A economia portuguesa terá conseguido contrariar a tendência de abrandamento global, referem os economistas do ISEG e do Montepio, citando os indicadores já conhecidos deste ano.
"Forte impulso ascendente" e "indicadores económicos com leituras tendencialmente positivas". São estes os termos usados pelo ISEG e pelo Montepio para classificar a evolução da economia portuguesa no primeiro trimestre deste ano.
Uma análise que tem por base os indicadores já publicados referentes a 2019 e que contrasta com a tendência registada noutras economias, com destaque para a europeia, onde os sinais apontam para uma travagem brusca do crescimento económico.
O ISEG calcula um indicador de tendência da atividade global (IZ), que registou um "forte impulso ascendente em janeiro, depois de um decréscimo pronunciado no último trimestre do ano anterior", refere a Síntese Económica de Conjuntura da universidade, que foi publicada esta segunda-feira.
O ISEG salienta que este resultado se deve ao "crescimento da procura interna, em especial do investimento", sendo que o "contributo da procura externa líquida permaneceu negativo".
Tendo em conta a evolução destes indicadores já conhecidos em 2019, o ISEG aponta para que seja "provável que o crescimento homólogo do PIB no primeiro trimestre de 2019 venha a ser superior ao verificado no quarto trimestre de 2018".
Nos últimos três meses do ano passado o PIB de Portugal registou um crescimento homólogo de 1,7%, o que representa a taxa mais baixa em mais de dois anos.
O Montepio, no relatório seminal publicado esta segunda-feira, alinha pela mesma análise do ISEG, antecipando uma recuperação da economia portuguesa em contraciclo com a tendência global.
Os economistas do banco destacam que indicador de atividade económica do INE sugere um crescimento em cadeia do PIB de 0,9% no primeiro trimestre, enquanto o indicador coincidente para a atividade económica do Banco de Portugal está "em níveis compatíveis com um crescimento em cadeia do PIB de 0,8%".
Ambos os valores estão bem acima das perspetivas do Montepio, que aponta para um crescimento em cadeia entre 0,4% e 0,6% nos primeiros três meses do ano.
O Montepio diz que os últimos indicadores económicos revelados em Portugal têm "leituras tendencialmente positivas" e são "consistentes com a tendência de recuperação da atividade económica em curso no país".
Economia europeia a travar
As notas publicadas pelo ISEG e Montepio estão em linha com a análise publicada este sábado pelo Negócios, que dava conta que Portugal poderia ser uma exceção à tendência de abrandamento da economia europeia.
Os indicadores relativos ao início do ano sinalizam que a economia da Zona Euro continua com o pé no travão. Os dados preliminares do PMI – que avalia a atividade económica - publicados esta sexta-feira, 22 de março, sinalizam uma perda de ritmo de crescimento económico. O PMI da Zona Euro está num dos níveis mais baixos desde 2014, refletindo essencialmente a deterioração da produção industrial nas principais economias.
As perspetivas parecem não melhorar pelo menos até ao final do primeiro semestre deste ano. A IHS Markit, que divulga o PMI, escreve que os dados sugerem que o crescimento económico vai ser ainda mais fraco no segundo trimestre. O economista-chefe da empresa estima um crescimento em cadeia de 0,2% no primeiro trimestre que, caso seja pior nos meses seguintes, põe em causa a previsão de crescimento acima de 1% definida pela Comissão Europeia.
Um sinal de que os próprios agentes económicos estão a interiorizar este ambiente de travagem económica passa pelo comportamento dos mercados financeiros. Os investidores mostram-se preocupados com o curto-prazo, o que explica que os juros nos EUA a três meses já estejam acima dos a 10 anos. Na Alemanha, os juros a dez anos entraram em terreno negativo.