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Medina afasta contração do PIB no quarto trimestre

Apesar da contração do PIB prevista para a UE no quarto trimestre, Portugal deverá escapar. Numa entrevista à Reuters, Fernando Medina afasta uma contração da economia nestes últimos três meses do ano e mantém a previsão de um crescimento de 6,7% homólogo em 2022.

Pedro Catarino / Cofina Media
16 de Novembro de 2022 às 17:26
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O ministro das Finanças, Fernando Medina, afastou uma contração da economia no último trimestre deste ano face ao anterior, estimando que, mesmo no caso de uma estagnação, o PIB terá crescido 6,7% em termos homólogos.

Numa entrevista à agência Reuters divulgada nesta quarta-feira, 16 de novembro, o ministro das Finanças afasta uma contração económica este trimestre, apesar do cenário pouco favorável na Europa, devido à inflação elevada e à subida das taxas de juro.

Recorde-se que a Comissão Europeia, nas suas previsões de outono, disse esperar uma recessão técnica nos próximos dois trimestres. Isso implica que algumas economias terão mesmo variações negativas em cadeia do PIB no quarto trimestre deste ano e no primeiro do próximo. 

Não será o caso de Portugal, segundo Fernando Medina. O quarto trimestre "pode ser mais positivo do que muitos analistas pensam", devido ao pacote de cerca de 2,4 mil milhões de euros em apoios pagos às famílias em outubro para combater a inflação. 

"Mesmo que o crescimento [em cadeia] seja zero no quarto trimestre, vamos ter uma taxa de crescimento [homóloga] de 6,7% em 2022, uma das mais altas da Europa", afirmou Fernando Medina. O ministro confirma assim os cálculos do Negócios, que diziam que, mesmo com uma estagnação até ao final do ano, o PIB terá crescido 6,7% no conjunto de 2022 face ao ano anterior. 

O crescimento acelerou para 0,4% no terceiro trimestre, face à taxa de 0,1% registada nos três meses anteriores, já que o consumo privado cresceu inesperadamente, apesar dos níveis recorde da inflação. 

O ministro entende que este crescimento, juntamente com um desemprego muito baixo, cria uma "base sólida para entrar em 2023", mas espera que o crescimento abrande para 1,3% no próximo ano, com o consumo a estagnar praticamente e as exportações a perder fogo, dado o travão a fundo (ou mesmo recessão) nas principais economias europeias (e parceiras de Portugal). 

"É um abrandamento significativo... [mas] é crescimento. Por isso, depois de um ano forte, vamos continuar a crescer", disse Fernando Medina. 

Foco em cortar a dívida

Com Banco Central Europeu (BCE) a subir as taxas de juro para combater a inflação, cortar a dívida pública é a "principal prioridade" de Fernando Medina, já que o ministro pretende reduzi-la em cerca de 10 pontos percentuais este ano para 115% do PIB e em mais 4,2 pontos no próximo, para 110,8%. 

Isso tiraria Portugal do topo dos três países mais endividados da Zona Euro, atrás da Grécia e de Itália, com o ministro das Finanças a admitir que Espanha, França e Bélgica podem mesmo ultrapassar Portugal. Em resultado, Medina espera, descreve a Reuters, que as condições de financiamento das empresas e das famílias melhorem.

Dada a inflação e o forte crescimento, as receitas fiscais cresceram 7,3 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais do que o dobro do objetivo do conjunto do ano, mas o Governo manteve a meta do défice nos 1,9% do PIB este ano, direcionado a maior parte desses fundos para apoiar as famílias e as empresas. O objetivo é reduzi-lo para 0,9% em 2023.

Apesar da preocupação com uma subida acentuada das taxas de juro, Medina espera que Portugal evite uma subida no crédito malparado entre as famílias, pelas alterações aprovadas recentemente pelo Governo que obrigam os bancos a renegociar os empréstimos à habitação até 300 mil euros para famílias em risco de incumprimento. 
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