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Marques Mendes vs. INE: dados dão razão ao instituto

O comentário de Domingo de Luís Marques Mendes abriu um conflito com o INE, que acusou o conselheiro de Estado de “falsa antecipação” de dados. Números divulgados hoje dão razão ao instituto.

Miguel Baltazar/Negócios
28 de Julho de 2017 às 12:38
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Marques Mendes tem usado o seu espaço de comentário televisivo para tentar dar notícias. Em algumas situações, isso envolveu antecipar dados cuja divulgação cabe ao INE. A última, envolvendo a taxa de desemprego, mereceu o contraditório do instituto. Os dados oficiais - conhecidos hoje - parecem confirmar a versão do instituto.

 

No seu comentário semanal na SIC, Marques Mendes disse ter uma novidade: o desemprego iria voltar a descer em Maio. "A taxa de desemprego está neste momento em 9,5%, valores de Abril. Pois bem, vai baixar para 9,4%, são resultados que o INE vai divulgar oportunamente, relativamente ao mês de Maio. Ainda não é conhecido, mas vai divulgar", afirmou.

 

Não era a primeira vez que o conselheiro de Estado revela números antes de estes serem publicados, mas desta vez o INE não achou piada e emitiu um comunicado duro, onde explicava que o valor revelado pelo antigo líder do PSD corresponde aquele que já tinha sido publicado há um mês pelo instituto (9,4%), o que significa que "Luís Marques Mendes, não antecipou este resultado do INE". "O resultado já tinha sido publicado!", podia ler-se no comunicado. Poderia o comentador estar a referir-se ao valor definitivo? O INE dizia que este só começaria a ser apurado daí a um dia.

No mesmo documento, o INE frisava: "esta falsa antecipação é grave na medida em que se pode gerar na opinião pública a ideia que Luis Marques Mendes tenha qualquer privilégio de acesso antecipado às estatísticas oficiais do INE, o que não sucede."

 

Contactado pelo Negócios na altura, o conselheiro de Estado não quis reagir ao comunicado do INE, remetendo uma eventual resposta para o seu espaço de comentário televisivo.

 

A prova dos nove estava marcada para hoje, quando fossem divulgados os dados definitivos de desemprego de Maio (e os provisórios de Junho). Os números revelaram uma revisão em baixa do desemprego de Maio para 9,2%, assim como uma nova descida em Junho para os 9%. Os 9,4% referidos por Marques Mendes não se encontram em lado nenhum.

 

Das duas, uma: ou o ex-líder do PSD estava a referir-se à taxa provisória (e, nesse caso, não havia novidade no valor); ou, de facto, procurou antecipar o valor que seria publicado hoje pelo INE (e, nesse caso, errou).
 

Nos últimos meses, Marques Mendes tem procurado antecipar alguns dados do INE. Isso já aconteceu em relação a números do produto interno bruto (PIB), bem como do défice orçamental. Em vários desses casos, o Negócios questionou o INE sobre este tipo de antecipação, sem que o instituto quisesse responder ao comentador, excepto para esclarecer 'timings' de publicação de dados, assim como as entidades que recebem a informação com embargo. Aquilo a que chama uma "falsa antecipação" terá sido a gota de água para o instituto liderado por Alda Carvalho.

O INE sublinhava ainda que afirmações deste género colocam em causa a sua capacidade para cumprir os seus objectivos, podendo "afectar negativamente a confiança da opinião pública sobre a forma como o INE exerce a sua missão de serviço público". Essa confiança, argumenta o INE, é "essencial" para que se obtenha "a colaboração de pessoas e empresas nos inquéritos", nomeadamente o do emprego.

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