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Marcelo Rebelo de Sousa: "É um pouco absurda" a forma como Governo reconduziu Carlos Costa
O comentador político Marcelo Rebelo de Sousa apontou hoje o dedo ao Governo por falhar os compromissos com o PS aos quais apela, referindo-se à recondução do governador do Banco de Portugal (BdP).
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"A forma como decorreu [o processo] é um pouco absurda. Ou não havia lei e então era um facto consumado o Governo escolher sem ouvir o parlamento nem falar com o PS ou há lei e o Governo, que passa a vida a fazer apelos de consensos de regime em Segurança Social, matéria financeira ao PS, e, de repente, é ele próprio a falhar esse consenso de regime desnecessariamente", disse, à margem uma conferência sobre o novo ciclo económico e político em Portugal, numa universidade privada, em Lisboa.
Para o antigo presidente do PSD, "bastava prorrogar [o mandato de Carlos Costa] até à venda do Novo Banco e dar tempo para haver esse esforço de aproximação e de consenso numa matéria fundamental".
"[A recondução] é plausível porque PSD e CDS, embora reconhecendo que a supervisão falhou muito, beneficiaram muito no Governo de o governador ter sido um biombo de protecção. Seria incompreensível que, tendo devido tanto ao governador, agora não reciprocassem. É uma verificação de facto, não direi que é um prémio político", continuou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "se o governador não tem tido o protagonismo que teve, era o Governo que ficava exposto e o Governo preservou-se, pelo menos, aparentemente".
Na quinta-feira, o Governo anunciou no final do Conselho de Ministros ter decidido enviar à Assembleia da República uma proposta de recondução de Carlos Costa por mais cinco anos nas funções de governador do Banco de Portugal.
Ao final da tarde, o secretário-geral socialista, António Costa, manifestou-se "profundamente desagradado" com a recondução do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, considerando-a "um mau sinal" dado pelo Governo, e garantiu que o PS não foi consultado nem ouvido.