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INE confirma crescimento mais lento do PIB no terceiro trimestre

O INE confirma um crescimento económico de 1,4% no terceiro trimestre do ano, o mesmo resultado da estimativa rápida. Continuou a registar-se um contributo positivo da procura interna (embora mais moderado) e um contributo negativo da procura externa líquida (embora menos pronunciado). Em cadeia, a variação do PIB foi nula.

Miguel Baltazar/Negócios
30 de Novembro de 2015 às 11:06
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Os dados publicados esta manhã, 30 de Novembro, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam que a meta de crescimento de 2015 poderá mesmo não ser atingida. Tal como já tinha sido divulgado com a estimativa rápida, o produto interno bruto (PIB) português avançou apenas 1,4% no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2014. Os principais responsáveis foram o consumo e o investimento que desaceleraram. 

"O contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu no terceiro trimestre (passando de 3,5 pontos percentuais (p.p.) no segundo trimestre para 1,9 p.p.), reflectindo a desaceleração do investimento e, em menor grau, das despesas de consumo final. A procura externa líquida registou um contributo negativo (-0,5 p.p.), embora de magnitude tenha sido inferior ao observado no segundo trimestre (-2,0 p.p.)", pode ler-se na nota do INE.

Ou seja, embora o consumo e o investimento continuem a puxar pela economia, estão a fazê-lo de forma menos robusta. Ao mesmo tempo, a diferença entre exportações e importações - procura externa líquida - continua negativa, mas o seu contributo é menos negativo do que no trimestre anterior.

Se olharmos para o consumo privado, verifica-se que os gastos das famílias aumentaram 2,3%, menos do que os 3,2% dos três meses anteriores. A desaceleração ocorreu em todas as componentes, mas foi especialmente relevante no consumo de bens duradouros - onde está a compra de carros, por exemplo -, que cresceu "apenas" 7,8%, quando vinha a apresentar variações homólogas sempre de dois dígitos (17% no trimestre anterior).

No que diz respeito ao investimento, o indicador continua também sem arrancar. A formação bruta de capital fixo cresceu muito abaixo do ritmo dos últimos trimestres, apresentando a variação homóloga mais baixa em ano e meio (1,9%). A rubrica que mais castigou o investimento foi "outras máquinas e equipamento" que, de um crescimento de quase 10%, registou agora uma contracção de 3,1%. Ao mesmo tempo, o investimento de propriedade intelectual afundou mais (variação homóloga de -3,1%) e a construção - que vale quase metade do investimento - manteve-se no verde mas ainda sem arrancar (2%). Apenas o "equipamento de transporte" mantém o dinamismo dos trimestres anteriores, crescendo 33,2%. 


O crescimento homólogo de 1,4% da economia portuguesa faz com que os economistas estejam agora mais pessimistas sobre a evolução da totalidade do ano. O Governo de Passos Coelho esperava que o PIB avançasse 1,6% em 2015 e os economistas e analistas estavam ainda mais optimistas, colocando as suas previsões próximas dos 2%. Nos dois primeiros trimestres, a meta do Governo até parecia provável. Contudo, a travagem deste último trimestre parece tê-la tornado improvável.

À agência Lusa, a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho, disse no domingo que "matematicamente ainda é possível" que o PIB aumente 1,6% no conjunto de 2015 face ao ano anterior, mas admite que agora "a probabilidade é menor". "A actividade teria de crescer à volta dos 0,8% em cadeia" para que a meta de crescimento do Governo fosse cumprida, algo que considera "pouco plausível". Alertando que "o próprio valor do terceiro trimestre pode ser revisto em ligeira alta", Paula Carvalho afirma que, "com os dados conhecidos actualmente, a probabilidade de [o crescimento económico] ser de 1,5% é maior".

Já António Ascensão Costa, professor do Grupo de Análise Económica do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), afirma que a meta da coligação é "muito pouco provável" e que, depois da estagnação económica no terceiro trimestre, "é mais provável que o crescimento económico em 2015 fique nos 1,5%". Filipe Garcia, da IMF, e o banco BBVA também esperam taxas de crescimento abaixo dos 1,6% previstos pelo Executivo PSD/CDS-PP. 

Por outro lado, o departamento de Estudos do Montepio continua a admitir um crescimento de 1,6% para a totalidade de 2015.


(Notícia actualizada às 11h33)
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