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PSD e CDS divergem sobre números do PIB

Saíram os primeiros dados económicos importantes desde que mudou o Governo: o PIB cresceu 1,4% em termos homólogos no terceiro trimestre e o desemprego estagnou. A esquerda criticou o anterior Governo e a direita dividiu-se no discurso.

Miguel Baltazar/Negócios
30 de Novembro de 2015 às 20:03
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Os dados do INE divulgados esta segunda-feira mereceram avaliações distintas do PSD e do CDS. Pelos social-democratas, o deputado António Leitão Amaro sublinhou que, apesar da estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, a "tendência é de crescimento" face a 2014. Já Cecília Meireles, do CDS, assinala que já se vê "uma desaceleração" no investimento, que surgiu "à medida que as pessoas perceberam que havia um risco de instabilidade e incerteza" devido às eleições.

 

Os números hoje conhecidos são os primeiros que PSD e CDS comentam de regresso à condição de partidos da oposição, mas que ainda se referem ao período em que governavam.

 

A deputada Cecília Meireles lembra que "o CDS tem vindo a alertar há muito tempo" para a "possibilidade de isto poder acontecer". "À medida que se foi percebendo que havia uma ameaça de instabilidade política, os agentes económicos começaram a contrair. E isso percebe-se claramente, basta olhar para o investimento", sublinha, em declarações ao Negócios. Os dados do INE mostram que existe uma travagem no investimento face ao segundo trimestre, embora os números sejam ligeiramente positivos se comparados com o mesmo período de 2014. Ainda assim, é o valor mais baixo em ano e meio.

 

"Há uma desaceleração porque as pessoas têm medo da incerteza e da instabilidade", defende. "Quer estes dados do investimento, quer os da confiança, apontam para este cenário de incerteza", acrescenta Cecília Meireles. Questionada a explicar a partir de que momento é que os agentes económicos começaram a temer a incerteza, a centrista remeteu para o período pré-eleitoral. "Isso aconteceu à medida que as eleições [de 4 de Outubro] se foram aproximando. Logo a partir de Julho", nota.

 

Para Leitão Amaro, vice-presidente da bancada do PSD, o quadro é bem mais optimista. "Os dados do terceiro trimestre confirmam que o país está a crescer 1,4% face ao ano anterior. Em segundo lugar, o desemprego cai 1,5 pontos face a 2014", observou, igualmente ao Negócios. De acordo com dados igualmente divulgados esta segunda-feira, a estimativa mensal de desemprego do INE aponta para uma taxa de 12,4% em Outubro, o mesmo valor de Setembro (que foi revisto em alta). Face ao mesmo mês de 2014, a taxa cai 1,1 pontos.

Leitão Amaro destacou ainda que na produção industrial "os números apontam para uma subida, e no investimento também há um crescimento".

 

Quanto à estagnação do PIB do segundo para o terceiro trimestre, Leitão Amaro argumenta que se tratou de uma variação que não é nova. "Quando a economia está a recuperar, e vimos isso no passado, é normal que existam variações entre trimestres. Há trimestres fortes e menos fortes, mas a tendência é de crescimento", sublinhou.

PCP acusa Passos de "grande embuste"

À esquerda, as reacções foram menos simpáticas. O PS, através de João Galamba, afirmou que os "dados conhecidos mostram que tem razão" e "tornam mais urgente a execução prioritária do programa do actual Governo" socialista. O "consumo está em forte desaceleração", sendo necessário intervir aí. E o INE mostra "que a estratégia de promoção de investimento" do anterior Governo, que assentava na redução do IRC, "não estava a resultar, é preciso uma nova".

O PCP acusou o Governo de Passos Coelho de mentir. "Isto vem revelar que tudo aquilo que foi intensamento dito aos portugueses não passava, afinal, de um grande embuste", disse António Filipe aos jornalistas, no Parlamento, em declarações transmitidas pela SIC Notícias.

Marian Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, considera que foi "criada uma imagem fictícia da recuperação económica que não corresponde à realidade", porque "os números mostram claramente uma estagnação" do crescimento.

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