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Importações de bens crescem mais do que as exportações há sete meses consecutivos
As importações continuam a crescer mais do que as exportações no arranque de 2019.
Em janeiro, as importações tinham disparado 16,6% - o maior crescimento percentual desde junho - à boleia da compra de aviões e as suas partes. Já as exportações cresceram 4,1%, continuando a desacelerar face ao mês anterior. Recorde-se que estes dados não são deflacionados, ou seja, não descontam a evolução dos preços dos bens importados e exportados.
Recuando nessa série estatística é possível concluir que desde agosto as importações estão a crescer mais em termos percentuais do que as exportações. Em volume tal também acontece uma vez que a base de compras ao exterior é maior do que a de vendas. Ou seja, no que toca a bens, em euros, Portugal compra mais do que aquilo que vende.
Défice comercial continua a engordar
Esta evolução do comércio internacional de bens tem contribuído para aumentar o défice comercial. Em fevereiro, o défice da balança comercial atingiu 1.504 milhões de euros, mais 504 milhões de euros do que no mesmo mês de 2018.
Olhando para o trimestre terminado em cada mês também é visível um contínuo agravamento do saldo comercial face ao mesmo período do ano passado.
Excluindo os combustíveis e lubrificantes - uma categoria que historicamente é mais volátil por causa da variação dos preços -, a balança comercial atingiu um défice de 996 milhões de euros, correspondente a um aumento de 345 milhões de euros em relação a fevereiro de 2018.
Como mostram os gráficos do INE, a degradação do saldo comercial de bens tem sido constante desde 2016, mas pode haver boas razões: há indícios de que a subida dos preços, o efeito dos combustíveis (potencialmente temporário) e a compra de material para investimento (tendencialmente positivo para o crescimento da economia) estejam a provocar este aumento do défice comercial.
As exportações portuguesas de automóveis, com destaque para o T-Roc produzido na Autoeuropa, para Itália dispararam em 2018 e continuam a crescer a bom ritmo no início de 2019.
"Em fevereiro de 2019, tendo em conta os principais países de destino em 2018, destacam-se os acréscimos face a fevereiro de 2018, nas exportações para Itália (+30%) principalmente devido ao material de transporte (essencialmente, automóveis para transporte de passageiros)", nota o INE.
No global dos destinos de exportações, o material de transporte é a categoria que se destaca ao crescer 14,1%, seguido dos fornecimentos industriais com 6%. "Em sentido contrário, destaca-se o decréscimo nos combustíveis e lubrificantes (-32,6%), ainda justificado em parte pelas manutenções ocorridas nas refinarias nacionais", esclarece o gabinete de estatística.
(Notícia atualizada às 11:45)