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Excedente externo encolhe para 0,3% com abrandamento das exportações

O turismo assegura que Portugal mantém um excedente nas contas externas. Mas o crescimento das exportações abaixo das importações está a anular parte da evolução positiva da balança de serviços.

João Ferrand
21 de Novembro de 2018 às 11:58
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O bom desempenho do turismo levou as contas externas para terreno positivo em Agosto e o efeito positivo prosseguiu em Setembro, mas o excedente acumulado nos primeiros nove meses do ano está bastante aquém do obtido no ano passado.

 

Os dados publicados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal mostram que nos primeiros nove meses do ano, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em 463 milhões de euros, o que compara com 1.576 milhões de euros em igual período de 2017.

 

Em termos de peso no PIB, a deterioração do saldo da balança de pagamentos portuguesa é ainda mais evidente. Entre Janeiro e Setembro de 2017 o excedente das contas externas correspondia a 1,1% do PIB. No mesmo período deste ano equivale a 0,3%.

 

A tendência de comportamento menos positivo nas contas externas tem vindo a verificar-se ao longo deste ano. No primeiro semestre o défice externo português duplicou para 1.678 mil milhões de euros. Em Agosto, devido ao efeito mais pronunciado do turismo, Portugal passou a ter excedente externo no acumulado do ano.

Depois de vários anos de défices elevados, desde 2012 que as contas externas de Portugal registam um excedente. Como mostra o gráfico em baixo, já em 2017 o saldo conjunto das balanças corrente e de capital apresentou um valor mais baixo do que em 2016.

 

 

Contributo do turismo não compensa exportações, juros e dividendos

 

São várias as justificações para o comportamento menos positivo das contas externas portuguesas este ano.

 

Na balança de rendimento primário, o défice agravou-se para 5.206 milhões de euros (3,5% do PIB), uma vez que Portugal está a receber menos juros do exterior e, por outro lado, a pagar mais dividendos a investidores estrangeiros. Uma tendência que se deve ao facto de as cotadas portuguesas estarem mais generosas com os accionistas, e os investidores estrangeiros terem um peso cada vez maior no capital das empresas portuguesas.

 

O outro factor negativo está na evolução da balança de bens, uma vez que as exportações estão a abrandar de forma mais intensa do que as importações. O défice da balança de bens aumentou 1.465 milhões de euros e já supera 10 mil milhões de euros (6,5% do PIB).

 

Segundo o Banco de Portugal, as exportações de bens cresceram 6,8% nos primeiros nove meses deste ano, enquanto as importações subiram 8,6%.

 

No que diz respeito à balança de serviços, o desempenho continua a melhorar, tendo sido apurado um excedente de 12,7 mil milhões de euros (8,5% do PIB). Esta evolução positiva é da responsabilidade quase exclusiva da rubrica de viagens e turismo, cujo saldo passou de 8.314 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2017 para 9.363 milhões de euros no mesmo período deste ano.

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