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Portugal é o país da UE que mais usa emprego pouco qualificado para exportar

Um estudo de Bruxelas sobre o comércio extra-UE, excluindo as trocas entre Estados-membros, destaca Portugal como o terceiro país onde os empregos ligados a essas exportações mais cresceram. Porém, é o país que mais depende de trabalhadores pouco qualificados.

27 de Novembro de 2018 às 14:07
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Desde 2000 o emprego ligado às exportações de Portugal para fora da União Europeia aumentou 172%, um crescimento apenas superado pela Bulgária e Eslováquia. Contudo, entre os 28 Estados-membros, a economia nacional é a que mais depende de trabalhadores pouco qualificados para fazer essas exportações. Os dados constam de um estudo da Comissão Europeia publicado esta terça-feira, 27 de Novembro, dia europeu da política comercial.

No total, as exportações das empresas portuguesas para destinos extra-UE atingiram os 23 mil milhões de euros no ano passado. Este volume de vendas está ligado a 578 mil postos de trabalho, de acordo com os dados de Bruxelas. 

A este número juntam-se 89 mil postos de trabalho em Portugal ligados a exportações de outros Estados-membros para fora da UE. Tal acontece porque as empresas portuguesas fornecem bens e serviços ao longo da cadeia de abastecimento de empresas europeias, beneficiando assim quando o produto final é vendido num país estrangeiro. O inverso também se verifica com Portugal a contribuir para 63 mil empregos noutros países da União. 

No total, há 667 mil trabalhadores na economia nacional ligados às exportações extra-UE. Isto significa que dos cerca de 4,5 milhões trabalhadores em Portugal 14% dependem das exportações para fora da União Europeia. 

Contudo, é na caracterização desses trabalhadores que a realidade se torna cinzenta. 58% desses trabalhadores dependentes das exportações têm baixas qualificações. Este peso do emprego pouco qualificado nas empresas que exportam para fora da UE é o mais elevado entre os 28 Estados-membros. 

Ou seja, as exportações extra-UE têm um peso significativo em Portugal, mas são feitas maioritariamente à custa de trabalho pouco qualificado que frequentemente tem pouco valor acrescentado e salários baixos. Não é, por isso, de estranhar que a maior parte dessas exportações extra-UE (59%) se concentrem no sector dos serviços.

Em Portugal, apenas 25% dos trabalhadores estão em posições de qualificações médias e 17% em cargos de alta qualificação. Irlanda, Espanha ou Luxemburgo são países onde estas exportações estão maioritariamente ligadas a emprego mais qualificado.

Ainda assim, estes dados mostram uma melhoria de Portugal face ao passado. Em 2008, os trabalhadores não qualificados representavam 73% do total de postos de trabalho beneficiados pelas exportações extra-UE. 

Bruxelas reivindica benefícios das trocas comerciais 

No comunicado sobre o estudo, a Comissão Europeia faz questão de salientar "a importância crescente das exportações da UE para as oportunidades de emprego". Segundo os dados agregados de Bruxelas, as exportações para fora da UE justificam actualmente 36 milhões de postos de trabalho, "mais dois terços do que em 2000".

Deste total, 14 milhões são ocupados por mulheres. Acresce que, segundo os números da Comissão, a remuneração destes postos de trabalho é, em média, 12% superior à praticada no resto da economia.
Para Cecilia Malmström, comissária europeia responsável pelo comércio, "este estudo mostra claramente que o comércio é sinónimo de emprego".

"O comércio da UE também contribui para milhões de postos de trabalho muito além das suas fronteiras, incluindo nos países em desenvolvimento. Tal mostra também que o comércio pode ser benéfico para todas as partes: o que é bom para nós também é bom para os nossos parceiros em todo o mundo", argumenta a comissária europeia que, neste momento, tem em mãos o dossier das negociações comerciais com os Estados Unidos, depois das queixas do presidente norte-americano

E o relatório tem exactamente uma parte dedicada a Donald Trump. "Mais de 1 milhão de postos de trabalho nos Estados Unidos dependem da produção de bens e serviços norte-americanos que são incorporados nas exportações da UE através das cadeias de abastecimento mundiais", faz questão de sublinhar a Comissão. 

Segundo os dados de Bruxelas, as exportações da UE para o resto do mundo justificam quase 20 milhões de empregos fora da UE, um valor que quase duplicou face a 2000.
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