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Economistas consideram “cedo” para falar em inversão de ciclo da economia
Os dados da economia superaram as estimativas dos economistas, mas os especialistas alertam que se tratará de “tentativa de estabilização” e não de uma inversão de ciclo.
O produto interno bruto (PIB) português cresceu 1,1% no segundo trimestre face aos três meses anteriores. Esta evolução superou as estimativas dos economistas que apontavam para um crescimento económico entre 0,3% e 0,6% no período em análise.
Apesar dos números terem superado as previsões mais optimistas, os economistas salientam que se tratará de uma estabilização da actividade e não uma inversão de ciclo. Já o Executivo salienta que, mesmo que a economia cresça, em termos trimestrais, cerca de 1%, no acumulado do ano, a contracção da economia será de 1%.
“Mais do que uma inversão de ciclo, para já apenas podemos falar em tentativa de estabilização da economia portuguesa”, realça a análise da Informação de Mercados Financeiros (IMF), numa nota enviada às redacções.
A IMF salienta que “o comportamento das exportações tem sido positivo, mas é cedo para se concluir que a procura interna irá recuperar de forma sustentável. Os números mais recentes do comércio internacional também já mostravam uma estabilização das importações, o que aponta para uma normalização na evolução do consumo privado e do investimento.”
Já o Núcleo de Estudos de Conjuntura sobre a Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica considera “cedo para falar em inversão do ciclo económico”, ainda que o comportamento do PIB tenha surpreendido “pela positiva”, segundo uma análise a que a Lusa teve acesso.
“O crescimento trimestral de 1,1% é uma excelente notícia que surpreende pela positiva”, mas “parece ainda cedo para falar em inversão do ciclo económico em Portugal até pela incerteza que se mantém sobre a implementação da política orçamental em 2013 e 2014”, refere a análise.
“Os dados revelados pelo INE são muito positivos, alimentam a hipótese de normalização da economia portuguesa, mas são ainda insuficientes para dizer, de forma inequívoca, que está em curso uma recuperação cíclica”, assinala a análise da Católica, citada pela Lusa.
Já o Governo emitiu uma nota onde realça os dados positivos da economia, mas salienta que, mesmo que a economia cresça ao mesmo ritmo do segundo trimestre, a contracção do PIB em 2013 será de 1%. “Na hipótese de um crescimento idêntico ao verificado no segundo trimestre, nos restantes trimestres do ano, a contracção do PIB em 2013 seria de 1%”, de acordo com uma nota enviada às redacções.
IMF alerta: “Os grandes riscos estão relacionados com 2014”
A IMF realça que os “grandes riscos” para a economia estão relacionados com 2014, especialmente devido à implementação das medidas que serão introduzidas no Orçamento do Estado para o próximo ano.
“Assumindo que o contexto internacional seja favorável, os grandes riscos estão relacionados com 2014, nomeadamente com a aplicação de um Orçamento 2014 que deprima a procura interna como resultado da reforma do Estado ou de novas medidas de austeridade. Será também em 2014 que se levantarão mais dúvidas sobre a capacidade de Portugal voltar aos mercados. Dado que se prevê que o país venha a garantir uma linha de crédito preventiva, pode ser necessário implementar mais medidas de consolidação orçamental”, realça a IMF.