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BE considera precipitado falar em fim da recessão económica

O dirigente do Bloco de Esquerda, José Gusmão, considera precipitado falar no fim da recessão em Portugal, depois do Instituto Nacional de Estatística (INE) ter divulgado que o PIB cresceu 1,1% no segundo trimestre do ano.

14 de Agosto de 2013 às 11:38
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De acordo com os dados do INE, o Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 1,1% no segundo trimestre, face ao trimestre anterior, interrompendo um movimento de queda que dura desde os últimos três meses de 2010, mas continua a cair em termos homólogos.

 

"O dado do crescimento do PIB em cadeia deve ser temperado com a continuação da recessão económica que está expressa na variação homóloga do PIB, ou seja, na comparação com o mesmo trimestre de 2012 e essa comparação é de menos 2%, portanto, falar do fim da recessão é no mínimo precipitado", disse à agência Lusa José Gusmão.

 

De acordo com o bloquista, há aspectos nesta retoma que são fortemente conjunturais, que estão associados a um mau primeiro trimestre da economia portuguesa, que cria um efeito de comparação.

 

Para o dirigente do Bloco, existem hoje dados suficientes para explicar o crescimento da economia do primeiro para o segundo trimestre.

 

"Embora ainda não haja uma decomposição da análise do INE", José Gusmão considerou que o

Sabemos que o Governo se prepara, depois das [eleições] autárquicas, para avançar com um novo pacote de austeridade, ou seja, provavelmente, vai desbaratar os ténues sinais de retoma mais por mérito do TC do que do Governo.
 
José Gusmão
Bloco de Esquerda

aumento se deve a dois factores fundamentais: "Um crescimento das exportações e a diminuição do investimento e do consumo".

 

José Gusmão explicou que, no caso das exportações, há dois factores significativos: a melhoria da conjuntura internacional e o aumento da capacidade de refinação da Galp.

 

Por outro lado, refere o dirigente do BE, "há uma diminuição muito menos acentuada do que se esperava do investimento e do consumo, que tem como factor explicativo a decisão do Tribunal Constitucional (TC) de anular algumas das medidas constantes no Orçamento de Estado (OE)" para 2013.

 

"Este é talvez o aspecto mais irónico destes dados da economia. O Governo atacou violentamente a decisão do TC de proibir algumas das medidas do OE, mas curiosamente a decisão do TC está a provocar alguns dos primeiros dados positivos a que a economia portuguesa assistiu durante muito tempo. O Governo vai agora cantar vitória com as consequências macroeconómicas de uma decisão do TC que atacou violentamente quando foi tomada", salientou.

 

No entender de José Gusmão, os dados divulgados pelo INE demonstram que a compressão do consumo através das políticas de austeridade é uma má política.

 

"Sabemos que o Governo se prepara, depois das [eleições] autárquicas, para avançar com um novo pacote de austeridade, ou seja, provavelmente, vai desbaratar os ténues sinais de retoma mais por mérito do TC do que do Governo", referiu.

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