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Economia portuguesa cresce 1,1% no segundo trimestre e supera previsões
Redução menos acentuada do investimento e aceleração expressiva das exportações permitiu um crescimento de 1,1% do PIB português, em comparação com o primeiro trimestre de 2013. Este é o primeiro trimestre de expansão depois de 10 trimestres consecutivos de recuo. Portugal foi o que mais cresceu em toda a União Europeia.
A economia portuguesa voltou a crescer. É a primeira vez que tal acontece desde o final de 2010. Há dez trimestres consecutivos que o produto interno bruto (PIB) nacional só evoluía em sentido negativo.
O PIB português marcou uma expansão de 1,1% entre Abril e Junho deste ano quando comparado com os três meses anteriores, divulgou esta quarta-feira, 14 de Agosto, o Instituto Nacional de Estatística (INE). Entre Janeiro e Março, a economia nacional tinha contraído 0,4% quando comparado com o trimestre que antecedeu.
O número publicado esta quarta-feira compara com previsões de vários bancos, que apontavam para um crescimento em cadeia entre 0,3% e 0,6%. Ainda na segunda-feira, a agência Lusa compilou várias estimativas em que se incluíam, por exemplo, a previsão de crescimento de 0,6%, por parte da Universidade Católica, de 0,4%, na opinião do Montepio, e em que constava até um recuo, segundo o BBVA. As previsões foram superadas com o crescimento em cadeia de 1,1% do PIB nacional. Este é o primeiro trimestre em que o PIB avança desde que Portugal solicitou ajuda externa, em Abril de 2011.
Partindo de uma base negativa, a economia nacional conseguiu marcar o maior crescimento em toda a Zona Euro e em toda a União Europeia. Com uma expansão de 0,7% do PIB, a Alemanha, a República Checa e a Finlândia foram os país que, após Portugal, mais avançaram no trimestre, na análise em cadeia.
Em termos homólogos, continua a verificar-se, contudo, uma tendência negativa. A economia portuguesa contraiu 2% no segundo trimestre deste ano quando comparado com o mesmo período de 2012. No primeiro trimestre, a quebra do PIB tinha sido mais profunda, na ordem dos 4,1%. O número do primeiro trimestre foi revisto em baixa nesta nova estimativa (a primeira estimativa rápida dos primeiros três meses do ano apontava para um recuo de 3,9%).
Páscoa em Abril ajudou
A queda de 2% da economia nacional, na análise com o ano anterior, é a menos expressiva desde o terceiro trimestre de 2011.
“A diminuição menos intensa do PIB em termos homólogos no 2º trimestre traduziu sobretudo a redução menos acentuada do investimento, com destaque para a FBCF [investimento em equipamentos e material de construção] em construção, e a aceleração expressiva das exportações de bens e serviços, em parte associada ao efeito de calendário relativo ao período da Páscoa (celebrada, em 2012, em Abril e, em 2013, em Março)", indica o INE no destaque publicado esta quarta-feira.
Os números relativos ao PIB do segundo trimestres correspondem apenas à estimativa rápida do INE. É apenas uma primeira indicação que será depois complementada pelas contas nacionais trimestrais mais definitivas – as estimativas correntes –, a publicar a 6 de Setembro.
Os economistas com quem o Negócios falou já esperavam um crescimento do PIB, puxado pelas exportações, embora não de tão grande amplitude. É o fim da recessão. Mas não é a chegada da retoma. Portugal poderá estar no fim da recessão mas o que se espera é uma recuperação muito lenta ou mesmo uma estabilização da actividade económica, com pouca criação de emprego.
Recuperação lenta e arriscada
O segundo trimestre de 2013 marca assim o fim da recessão em Portugal. Quanto ao futuro, os economistas contactados pelo Negócios perspectivam uma "recuperação lenta". "Neste momento apontamos para uma certa estabilização da actividade na segunda metade" de 2013, prevê Rui Bernardes Serra do Montepio.
A analista Teresa Gil Pinheiro do BPI também antecipa uma "recuperação lenta", numa economia que, por enquanto, mostra pouco mais do que "uma melhoria nos indicadores de confiança, na produção industrial e no mercado de trabalho".
"Nos últimos anos, os finais de ano foram marcados por fortes quedas no PIB, justamente devido aos anúncios de novas medidas, que penalizaram a confiança dos agentes, levando-os a reverem em baixa as suas perspectivas para o futuro", recorda Rui Bernardes Serra, que avisa ainda que o "corte de 4,7 mil milhões de euros, no âmbito da reforma do Estado, até 2014, teria um impacto fortemente negativo sobre a actividade no curto-prazo".
(Notícia actualizada com mais informações às 10h35; actualizada pela última vez às 10h41)