Notícia
Consumo é o estímulo que mais faz crescer a economia
Dados publicados pelo INE, estimam que em Portugal por cada 100 euros de aumento de consumo privado, o PIB cresça 74 euros. No caso do consumo público o aumento é de 92 euros. As exportações ficam-se pelos 55 euros.
Há uma razão fundamental para os planos que tentam fazer crescer uma economia pelo consumo: é que entre as várias opções possíveis, as despesas de consumo, em particular as do Estado que assentam em grande medida em salários, são as que têm um efeito maior sobre o crescimento da economia. Esta é uma das conclusões que se retira de informação publicada pelo INE a 29 de Dezembro para o total da economia e para os vários ramos da actividade, com base nos dados das contas nacionais de 2013. A última vez que informação deste tipo foi publicada foi em 2008.
Entre as muitas análises permitidas pelas chamadas matrizes simétricas "input-output" está a avaliação de conteúdo importado do consumo, investimento ou das exportações, no total e nos vários ramos da economia nacional, assim como qual será o efeito sobre o PIB de um aumento de cada uma destas componentes. E foi este exercício que o INE fez a título exemplificativo, simulando o efeito sobre o PIB de um aumento de 100 unidades monetárias no consumo privado, no consumo público, no investimento e nas exportações.
As conclusões mostram que por cada 100 euros de aumento de consumo privado, o PIB aumenta 74 euros e as importações consomem os restantes 26 euros (ou seja, o consumo privado tem 26% de conteúdo importado). Destes, 13 euros são justificados por importações directas feitas pelas famílias, e os outros 13 euros dizem respeito a importações realizadas por empresas nacionais para usarem no seu processo produtivo de forma a satisfazerem o aumento de procura do sector privado.
O aumento de despesa de consumo pelo Estado tem o maior efeito sobre o PIB nacional, mostram também os dados do instituto de estatística: 92 euros por cada aumento de 100 euros na despesa do Estado. O efeito é tão grande porque o conteúdo importado da despesa pública é mínimo, uma vez que nela estão incluídos muitos serviços e principalmente salários.
O investimento surge em terceiro lugar no ranking de impacto sobre crescimento da economia, reflectindo o conteúdo importado de quase um terço da despesa de formação bruta de capital fixo. Assim, por cada 100 euros de aumento de investimento, 67 aumentam o PIB, e os restantes 33 euros saem do país para pagar importações.
Finalmente, os dados do INE evidenciam a cautela necessária a avaliar o impacto das exportações no crescimento da economia. Em média este é o tipo de despesa com maior conteúdo importado: um aumento de 100 euros das exportações só faz subir o PIB em 55 euros, o que compara com os 92 euros do consumo público, os 74 euros do consumo privado e os 67 euros do investimento. Mas, sublinha o INE, dependendo dos sectores exportadores, o efeito pode ser muito diferente: 100 euros de exportações de noites de hotel e restauração fazem o PIB subir em 86 euros, já 100 euros a mais em vendas de produtos refinados de petróleo só acrescentam 6 euros ao PIB português – os restantes 94 são entregues a estrangeiros em importações de petróleo para refinar.
Os dados agora publicados pelo INE contribuem para um melhor conhecimento do funcionamento da economia nacional e para um debate mais informado sobre as muitas dinâmicas da economia.
Por exemplo, numa economia muito endividada como a portuguesa, aumentos de consumo financiados por mais dívida têm elevados riscos, e podem aumentar o défice externo e as importações, mostram os dados do INE. Esta dinâmica deve ser contraposta ao efeito multiplicador mais alto que o consumo tem sobre o PIB.
As exportações, por outro lado, são despesa de estrangeiros em Portugal, não colocando o problema do endividamento. Aliás, pelo contrário: financiam a economia nacional. Além disso, numa pequena economia, o mercado interno é tido como demasiado pequeno para suportar uma dinâmica de crescimento e criação de empregos sustentados no longo prazo. Mas ao mesmo tempo a ideia de que a economia crescerá assente apenas em exportações deve levar em conta o elevado conteúdo importado que estas contêm, e que limitam o seu efeito positivo no crescimento do PIB.
Entre as muitas análises permitidas pelas chamadas matrizes simétricas "input-output" está a avaliação de conteúdo importado do consumo, investimento ou das exportações, no total e nos vários ramos da economia nacional, assim como qual será o efeito sobre o PIB de um aumento de cada uma destas componentes. E foi este exercício que o INE fez a título exemplificativo, simulando o efeito sobre o PIB de um aumento de 100 unidades monetárias no consumo privado, no consumo público, no investimento e nas exportações.
O aumento de despesa de consumo pelo Estado tem o maior efeito sobre o PIB nacional, mostram também os dados do instituto de estatística: 92 euros por cada aumento de 100 euros na despesa do Estado. O efeito é tão grande porque o conteúdo importado da despesa pública é mínimo, uma vez que nela estão incluídos muitos serviços e principalmente salários.
O investimento surge em terceiro lugar no ranking de impacto sobre crescimento da economia, reflectindo o conteúdo importado de quase um terço da despesa de formação bruta de capital fixo. Assim, por cada 100 euros de aumento de investimento, 67 aumentam o PIB, e os restantes 33 euros saem do país para pagar importações.
Finalmente, os dados do INE evidenciam a cautela necessária a avaliar o impacto das exportações no crescimento da economia. Em média este é o tipo de despesa com maior conteúdo importado: um aumento de 100 euros das exportações só faz subir o PIB em 55 euros, o que compara com os 92 euros do consumo público, os 74 euros do consumo privado e os 67 euros do investimento. Mas, sublinha o INE, dependendo dos sectores exportadores, o efeito pode ser muito diferente: 100 euros de exportações de noites de hotel e restauração fazem o PIB subir em 86 euros, já 100 euros a mais em vendas de produtos refinados de petróleo só acrescentam 6 euros ao PIB português – os restantes 94 são entregues a estrangeiros em importações de petróleo para refinar.
Os dados agora publicados pelo INE contribuem para um melhor conhecimento do funcionamento da economia nacional e para um debate mais informado sobre as muitas dinâmicas da economia.
Por exemplo, numa economia muito endividada como a portuguesa, aumentos de consumo financiados por mais dívida têm elevados riscos, e podem aumentar o défice externo e as importações, mostram os dados do INE. Esta dinâmica deve ser contraposta ao efeito multiplicador mais alto que o consumo tem sobre o PIB.
As exportações, por outro lado, são despesa de estrangeiros em Portugal, não colocando o problema do endividamento. Aliás, pelo contrário: financiam a economia nacional. Além disso, numa pequena economia, o mercado interno é tido como demasiado pequeno para suportar uma dinâmica de crescimento e criação de empregos sustentados no longo prazo. Mas ao mesmo tempo a ideia de que a economia crescerá assente apenas em exportações deve levar em conta o elevado conteúdo importado que estas contêm, e que limitam o seu efeito positivo no crescimento do PIB.