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Colapso do BES pode reduzir crescimento a metade da previsão oficial

A "Economist Intelligence Unit" antecipa que o desmantelamento do BES baixe a taxa de crescimento para 0,6%. Sugere que o resgate, tendo sido duro com os accionistas, poderia ter sido mais, envolvendo obrigacionistas seniores e depositantes nos montantes não garantidos.

13 de Agosto de 2014 às 18:15
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É metade da previsão inicial do Governo e da troika mas fica apenas uma décima aquém do que previam anteriormente: 0,6% é quanto a "Economist Intelligence Unit" (EIU) antecipa que a economia portuguesa cresça neste ano na sequência do desmantelamento do velho BES.

 

O novo número consta de uma nota preparada pelos economistas da unidade de análise associada à revista "The Economist" tendo em conta "o impacto negativo de curto prazo da crise BES na confiança e no investimento em Portugal".

 

Na nota intitulada "Os custos de resgatar o BES", a EIU descreve essencialmente o processo de desmantelamento do banco, os custos previstos para manter em funcionamento o agora Novo Banco, inventariando ainda as dúvidas de comentadores e de políticos da oposição sobre o que pode acabar por sobrar para os contribuintes.

 

Nesse contexto, questiona se o resgate não poderia ter sido mais duro para os credores. O Novo Banco (para onde passaram os activos com menos risco do BES) foi capitalizado pelo Fundo de Resolução, detido pelos bancos portugueses, sendo o único accionista da instituição de transição, que deverá ser vendida o quanto antes. Se o Novo Banco render menos do que os 3,9 mil milhões de euros que foram emprestados pelo Estado ao Fundo de Resolução, terão de ser os bancos a repor a diferença. "Mas poderá o Governo ficar à margem, se esse custo representar uma ameaça à estabilidade das outras entidades de crédito, depois de ter visto o BES cair?". 

 

Os economistas britânicos não chegam a dar uma resposta explícita, mas acabam por sugerir que que, embora o resgate tenha sido feito em conformidade com as actuais regras europeias, poderia ter sido realizado antecipando já plenamente o enquadramento legal que entrará em vigor na União Europeia em 2016, para reduzir ao mínimo o risco para os contribuintes.

 

Isso significaria que, além dos accionistas e detentores de dívida subordinada (que ficaram no "banco tóxico", que mantém a designação BES), teriam também de ter sido impostas perdas aos obrigacionistas séniores e aos depositantes do BES nos montantes não-garantidos, ou seja, acima de 100 mil euros. Escreve a EIU que há precedentes em Chipre e na Dinamarca que poderiam ter sido replicados para reduzir ao mínimo o risco de o Estado perder dinheiro, caso o empréstimo feito aos bancos não venha a ser ressarcido. "Aos olhos de alguns analistas, os detentores de dívida sénior do BES terão sido tratados com leveza, na medida em que passaram para o Novo Banco sem qualquer exposição ao 'banco mau'", referem. 

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