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Bruxelas menos pessimista mas ainda espera recessão de 9,3% este ano em Portugal

A Comissão Europeia melhorou ligeiramente a sua projeção para a economia portuguesa em 2020. Ainda assim, continua mais pessimista do que o ministro João Leão e diz que o PIB vai encolher 9,3%.

Paolo Gentiloni diz que a Comissão está a coordenar decisões nacionais.
John Thys Pool/Reuters
05 de Novembro de 2020 às 10:00
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A Comissão Europeia espera uma contração do PIB da economia portuguesa de 9,3%, este ano. Esta projeção representa uma melhoria das expectativas face a julho, quando os peritos comunitários anteviam uma queda de 9,8% do PIB, mas continua a ser mais negra do que a convicção do Governo português. Os dados foram publicados esta quinta-feira, no relatório sobre as Projeções Económicas de Outono, em Bruxelas.

Os peritos comunitários continuam assim mais negativos do que o Governo português, que construiu o seu Orçamento do Estado para o próximo ano com base numa projeção de contração económica em 2020 de 8,5%.

Além disso, a Comissão está agora menos confiante quanto à força da retoma, tendo revisto em baixa o crescimento previsto para 2021. Em vez de uma subida de 6%, Bruxelas antevê agora um crescimento de 5,4% do PIB, precisamente o mesmo que espera o ministro das Finanças João Leão. A diferença é que, se a expectativa comunitária se confirmar este ano, a economia nacional chegará a 2021 mais fraca do que antecipa o Executivo português.

Turismo não recupera antes de 2022

Um dos pontos de maior preocupação da Comissão Europeia prende-se com a grande dimensão do setor do turismo, alojamento e restauração, que continua a sofrer com a pandemia. Apesar da recuperação de alguma atividade durante os meses de verão, com o alívio das medidas de confinamento, "as perspetivas para este setor ficaram mais negras com o aumento das infeções no outono", assinala o relatório.

"A atividade no grande setor da hospitalidade continua bem abaixo da sua capacidade e não se espera que recupere totalmente ao longo do período de projeção", indicam os peritos. Ou seja, não é de esperar que o dinamismo regresse aos níveis pré-pandemia, pelo menos, até 2022.

O risco de a recessão ser ainda mais funda do que o esperado agora mantém-se, tendo em conta que Portugal depende muito do turismo externo, onde a incerteza continua significativa, explica o documento.

Outra evidência das dificuldades trazidas pela estrutura específica da economia nacional está no comportamento da sua balança comercial. "O turismo externo, que representou 52% da exportação de serviços de Portugal em 2019, afundou mais de 90% no segundo trimestre deste ano e continuou bem abaixo dos seus níveis pré-pandemia ao longo de todo o verão", sublinha o relatório. "Como uma grande parte deste setor depende de transporte aéreo, Portugal está também a enfrentar um aumento da concorrência feita por destinos habitualmente servidos por estrada", explicam os economistas.

Ou seja, para além de ter de lidar com a redução global da procura turística, o país está a perder negócio para destinos concorrentes, onde se chega mais facilmente de carro e sem ter de viajar de avião.

Bruxelas valida projeções orçamentais, mas teme ativação de garantias

Tal como o ministro João Leão, e na sequência da análise do Esboço de Orçamento do Estado para 2021, a Comissão Europeia valida uma expectativa de défice orçamental este ano de 7,3% do PIB. Nas contas dos peritos comunitários, o pacote de medidas para apoiar a economia vale perto de 3% do PIB e o resto do impacto vem do funcionamento dos chamados "estabilizadores automáticos", isto é, a queda natural de receita que advém da redução da atividade económica e o aumento de despesa que decorre da necessidade de pagar mais subsídios.

Porém, a Comissão deixa um alerta: "Os riscos para o cenário orçamental são negativos, devido ao acumular de responsabilidades contingentes que resultam de algumas empresas públicas, e das medidas de mitigação da crise direcionadas para o setor privado". Por outras palavras, Bruxelas chama a atenção para o risco que advém das garantias públicas que foram sendo prestadas e que agora podem ser acionadas, somando mais custos para os contribuintes. 

Para 2022, a Comissão antevê uma redução do défice orçamental para 4,5% (João Leão diz esperar 4,3%) relacionada com a retirada progressiva das medidas de apoio à economia e com a melhoria da atividade económica. Em 2022 o défice deverá ficar em 3%, diz a Comissão, precisamente no limite do que é permitido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. O ministro das Finanças comprometeu-se já em deixar o défice "abaixo" deste limite, apontando para 2,7% do PIB.

(Notícia em atualização)
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