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Banco de Portugal: Economia cresce mais com ajuda do Papa e desemprego baixa os 10%

Melhores perspectivas para exportações e investimento, em particular o empresarial, sustentam as perspectivas mais optimistas do banco central. Portugal cria 74 mil empregos em 2017.

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29 de Março de 2017 às 14:02
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O banco central reviu em alta a previsão de crescimento para a economia portuguesa de 1,4% para 1,8% este ano, antecipando "a manutenção da recuperação da economia portuguesa" suportada por uma "evolução robusta das exportações" e um "crescimento forte do investimento empresarial". A criação de emprego foi também revista em alta, permitindo a descida da taxa de desemprego para 9,9% este ano, mostram as novas previsões do Banco de Portugal. Em 2019, Portugal crescerá 1,6% e a taxa de desemprego cairá para 7,9%.

 

As melhores perspectivas inscritas na actualização de Março das projecções do banco explicam-se por três factores: o melhor final de 2016 e arranque de 2017 (o PIB nacional cresceu 1,4% em 2016, mais duas décimas do que a anterior previsão do banco central), um enquadramento internacional mais favorável, e também com a expectativa de maior dinamismo da economia portuguesa, tanto nas vendas ao exterior, como no investimento.

 

Neste contexto, foram revistas em alta as perspectivas de crescimento até 2019, com o organismo liderado por Carlos Costa a apontar para um crescimento de 1,7% em 2018 (1,5% na anterior previsão), e 1,6% em 2019 (1,5% na anterior previsão). O Banco nota, no entanto, que, ainda assim, a recuperação é lenta, de tal forma que em 2019, Portugal terá um PIB equivalente ao de 2008 - traduzindo uma década perdida para a crise - e de que esta revisão em alta só significa que o país terá um crescimento em linha com o da Zona Euro nos próximos anos. A convergência para a média fica adiada.

 

"Após um aumento de 1,4% em 2016, o produto interno bruto (PIB) português deverá crescer 1,8% em 2017, 1,7% em 2018 e 1,6% em 2019. Em 2019 o produto real deverá situar-se num nível próximo do registado em 2008, o que ilustra bem a natureza sem precedentes deste último ciclo económico", lê-se no relatório.

 

Papa dá uma ajuda

 

Nas novas previsões, o Banco de Portugal (BdP) aponta para um crescimento das exportações de 6% em 2017 (4,8% na projecção anterior), o qual traduz o melhor contexto internacional, mas também ganhos de quota de mercado pelas empresas nacionais, para os quais contribui, com destaque, o sector do turismo, nomeadamente o dinamismo na indústria de eventos, cuja actividade este ano fica marcada com a visita do Papa a Portugal. O banco central fala mesmo de um desempenho "extraordinário do turismo" até 2019. Uma outra ajuda relevante para as vendas ao exterior chega do sector automóvel, com um novo modelo a ser produzido na Autoeuropa, a fábrica da Volkswagen em Palmela.

 

No texto que acompanha as projecções, o banco central salienta "o desempenho das exportações de turismo, que será favorecido pela ocorrência em território português de importantes eventos à escala internacional", nas quais se destaca a visita do Papa em 2017. Do lado das vendas de bens, além da dissipação de efeitos temporários negativos que marcaram 2016 (transição de modelos na Autoeuropa e paragem da refinaria de Sines), os economistas da Almirante Reis sublinham que em 2017 e 2018 haverá um aumento da capacidade produtiva da Autoeuropa.

 

"O comportamento das exportações, tanto de bens como de serviços, tem sido um dos aspetos mais assinaláveis do processo de ajustamento da economia portuguesa, propiciando uma marcada reorientação de recursos produtivos para setores mais expostos à concorrência internacional. As exportações de bens e serviços deverão situar-se em 2019 cerca de 60 por cento acima do nível registado em 2008", lê-se no relatório, que aponta pra que as exportações passem a pesar cerca de 46% no PIB em 2019 (compara com 31% em 2008).

 

Investimento de volta

 

Quanto ao investimento, o banco central aponta para um crescimento de 6,8% em 2017 (uma revisão em alta face aos 4,4% de Dezembro), e estabilização do aumeto anual em torno dos 5% até 2019. A revisão em alta é explicada por vários factores, entre os quais se destacam a maior procura externa, a manutenção de juros baixos na Zona Euro, mais fundos comunitários e o impacto de grandes "investimentos em grandes infraestruturas que ocorrerão no período 2017-19", nos quais se incluirão barragens.

 

"Após um aumento de 5 por cento em 2016, a FBCF empresarial deverá manter um crescimento em torno de 6% ao longo do horizonte de projeção. Este crescimento está ancorado em expetativas positivas para a procura global, bem como na manutenção de condições de financiamento favoráveis", explica o banco central, que refere ainda a necessidade das empresas de reforçarem a sua capacidade produtiva, num contexto de "condições monetárias e financeiras acomodatícias e de perspetivas favoráveis quanto à evolução da procura global", lê-se no documento.

  

Desemprego cai para 7,9% em 2019

 

A recuperação da economia garantirá uma descida mais rápida da taxa de desemprego, que baixará a barreira dos 10% este ano (9,9%), caindo para 7,9% em 2019, espera o banco central. Nas anteriores previsões o desemprego de 2019 ficava-se pelos 8,5%.

 

Este desempenho reflecte uma maior criação de emprego, que aumentará 1,6% este ano (contra a anterior previsão de 1%), o que corresponde a um acréscimo de 74 mil empregos em 2017. O menor dinamismo do mercado de trabalho ocorre mesmo com aumentos do salários mínimo, para o que contribuirá o bom momento do investimento empresarial, e do sector do turismo.

As melhorias no mercado de trabalho, aliado ao aumento de rendimento decorrente das subidas do salários mínimo, permitirão também um crescimento mais acentuado do consumo privado: 2,1% este ano, face à anterior previsão de 1,3%, o qual reflecte uma aceleração do consumo de bens correntes, e uma desacelaração nos bens duradouros, explica o banco central.

"Relativamente ao consnumo corrente, antecipa-se um crescimento deste agregado globalmente em linha com o rendimento disponível real, num quadro de aumento de emprego e crescimento moderado dos salários reais", lê-se no relatório que nota o aumento de 5,1% do salário mínimo e a continuação de algumas medidas de reposição de rendimentos incluídas no Orçamento do Estado. Nos anos seguintes, o consumo privado deverá desacelarar, novamente em linha com a evolução do rendimento disponível. 





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