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Banco de Portugal diz que dívida até pode ficar abaixo dos 127,7% do Governo

Poucos dias depois do "stock" da dívida pública ter batido novo recorde, o Banco de Portugal dá conta da natureza temporária da subida, e valida previsão do Governo de redução para 127,7% do PIB no final do ano, que até pode ser superada.

Sara Matos/Negócios
04 de Outubro de 2017 às 11:03
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Portugal poderá bem fechar o ano com uma dívida pública de cerca de 244,1 mil milhões de euros, ou 127,7% do PIB previstos pelo executivo em Setembro, o que corresponde a menos 6 mil milhões que os 250 mil milhões registados em Agosto e menos 5 mil milhões de euros que o número registado em Junho (132,1% do PIB). Quem o diz é o Banco de Portugal numa das caixas do relatório do Boletim Económico publicado a 4 de Outubro, na qual se lê que a meta de governo "é exequível". E se o PIB crescer mais até pode ficar abaixo.

"A incerteza nas previsões para a evolução da dívida pública é sempre bastante elevada. No entanto, a conjugação dos elementos acima descritos sugere que a redução da dívida implícita na estimativa oficial para este ano parece exequível", lê-se no documento.

Os "elementos descritos" a que se refere o banco central são os factores que puxaram a dívida pública e que vão desaparecer. Em causa está essencialmente uma acumulação de depósitos que pré-financiaram a amortização de uma obrigação que vence a 14 de Outubro no valor de 6,1 mil milhões de euros, e que uma vez feita permitirá uma redução significativa da dívida pública.

Na nota de análise, o BdP escreve que os depósitos do Estado aumentaram cerca de 2,5 mil milhões de euros no primeiro semestre, sendo que o governo tem como meta uma redução de 2,8 mil milhões de euros face ao valor do final do ano. Ou seja, há margem para uma redução de mais de 5 mil milhões de euros, que se sentirá uma vez paga a obrigação.

A redução em relação ao valor dos depósitos no final do ano passado é explicada, por sua vez, pelo facto do governo ter pré-financiado a recapitalização da CGD ainda em 2016 (aumentado dessa forma os depósitos), apesar da operação só ter concretizado já em 2017.

Além do favorável dos depósitos no segundo semestre, os economistas da Almirante Reis notam que o défice do Estado em contabilidade pública está "claramente mais concentrado" no primeiro semestre, e que portanto já está reflectido na dívida; e que grande parte das operações financeiras do ano – recapitalização da CGD e em sentido contrário o reembolso de CoCo do BCP - também já ocorreram.

Face a essas dinâmicas, o Banco de Portugal considera que se o crescimento vier a ficar acima do previsto pelo Governo, então "tal poderia mesmo permitir uma redução do rácio da dívida superior ao previsto".
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