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Alerta: até os milionários já pensam duas vezes antes de comprar um iate

A compra de barcos de luxo é um indicador muito sensível à confiança económica. Em tempos de incerteza, as compras afundam e alguns sinais de alerta já estão a piscar.

Bloomberg
10 de Novembro de 2019 às 15:00
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Até setembro, os fabricantes de iates milionários só tinham vendido 102 projetos – um valor que sugere que as vendas deste ano ficarão bastante aquém dos 199 projetos conseguidos em 2018. Os números são da SuperYatch Times, um site especializado em barcos de recreio e foram citados pela Bloomberg. À primeira vista, parecem interessar apenas a um universo muito restrito de consumidores. Mas longe disso: as vendas de embarcações de luxo são um barómetro económico bem afinado.

"Ninguém precisa de ter um barco, a menos que seja pescador", frisou Michael Skordeles, diretor de estratégia macro para os Estados Unidos, da SunTrust Banks, uma holding do setor bancário norte-americano, em declarações à agência de notícias.

Skordeles explica que as vendas de barcos e veículos de recreio – bem como jantares em restaurantes de luxo ou cirurgias plásticas por motivos não clínicos – são um bom indicador avançado e que a preocupação aumenta quando estas vendas caem. É que estes são gastos considerados altamente discricionários e que por isso são os primeiros a ser dispensados em caso de incerteza.

Neste momento, a indústria norte-americana destes barcos de recreio regista uma quebra de 7% em algumas categorias, que tem deixado os mais atentos ansiosos, reporta a Bloomberg. Ainda é cedo para perceber se a redução resulta de condições climatéricas invulgares, ou se está mais relacionada com a guerra comercial dos Estados Unidos com a China, que impôs mais custos aos produtores norte-americanos. Mas, seja como for, está a ser associada ao aumento da incerteza, fruto da guerra comercial, do Brexit e dos maus resultados da economia alemã, que estarão já a afetar a confiança também dos muito ricos.

"É difícil antever de forma clara o que vai acontecer no próximo ano", disse Chuck Cashman, diretor de receitas da Marine Max In., um concessionário de venda de embarcações sediado na Flórida, com 67 representações espalhadas pelos EUA. "Apesar de os compradores se sentirem muito bem, acho que a ideia de que ‘alguma coisa está para vir’ está no fundo da mente", admitiu.

Por enquanto, peritos como Michael Skordeles não acreditam que os EUA entrem em recessão, pelo menos até ao final de 2020, até porque os dados do emprego e de salários têm sido bons. Também os dados sobre as vendas de barcos a motor, de forma mais geral, continuam a ser bastante positivos. A perspetiva é que atinjam este ano o segundo valor mais alto dos últimos 12, adiantou a National Marine Manufacturers Association, uma associação norte-americana de construtores navais.

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