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Câmaras podem receber excedente das Finanças
O Governo pondera distribuir verbas das Finanças Locais que por força da lei estão bloqueadas. Uma simulação da Associação Nacional dos Municípios aponta para acréscimos na ordem dos 220 milhões de euros.
As câmaras municipais podem receber mais dinheiro do Estado no próximo ano. O presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, revelou ao Negócios que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, mostrou abertura para acolher uma antiga reivindicação das câmaras: "distribuir o excedente da Lei das Finanças Locais (LFL) que, devido à norma travão, fica impedido de entrar nos cofres municipais".
Neste momento, a lei impede que as transferências do Orçamento do Estado (OE) sejam superiores a 5% relativamente ao ano anterior. Mas a proposta, que o Executivo socialista tem vindo a discutir com a ANMP, dá mais folga para aumentos e eleva este limite para 10%, o que, por si só, "reforça os orçamentos municipais", admite Manuel Machado.
Contudo, o também presidente da Câmara de Coimbra explica que esta "rectificação", não resolve outro "problema de fundo": "os montantes destinados às administrações locais continuam condicionados a um tecto máximo, o que impede que as câmaras recebam o que têm direito".
Alteração da lei dá mais 220 milhões
Ora este entrave parece estar próximo do fim. Eduardo Cabrita equaciona inscrever na proposta de LFL, que o Conselho de Ministros irá aprovar ainda em Abril, uma alteração que vai permitir entregar às autarquias o excedente resultante da norma travão.
A distribuição deste bolo extra "será feita de acordo com determinados critérios, que ainda estão a ser definidos com o Governo, para garantir equidade territorial e diminuir as assimetrias regionais", adianta. Simulações realizadas pela ANMP para 2018 estimam que, com esta ateração, as câmaras podem vir a receber mais 220 milhões de euros do Orçamento do Estado.
O documento ainda não está finalizado e deverá integrar ainda uma rubrica destinada à descentralização. Será um fundo independente do bolo global das Finanças Locais e que o ministro Eduardo Cabrita estima que possa rondar os 1,2 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 44% das verbas que a administração central vai transferir para os municípios até ao final do ano.
Este é mais um ponto polémico da Lei das Finanças Locais que neste momento o Governo de António Costa tem vindo a negociar com ANMP e o maior partido da oposição, o PSD. O objectivo é que ambos cheguem a um acordo até ao final da sessão legislativa, sob pena "de se perder uma grande oportunidade para se avançar com a municipalização de competências", avisa Álvaro Amaro que lidera a equipa de Rui Rio no processo negocial com o Executivo.