Notícia
Julho foi o mais frio dos últimos 18 anos
Muito frio e seco: assim foi o mês de Julho que os portugueses acabaram de viver, o mais frio dos últimos 18 anos. Quanto às temperaturas máximas, estiveram nos níveis mais baixos dos últimos 30 anos.
Os portugueses sentiram-no na pele e os dados intercalares até meados do mês já sinalizavam que seria um ano de recordes, mas só agora existem dados oficiais para os 31 dias. Segundo o boletim climatológico mensal do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), este foi o Julho mais frio dos últimos 18 anos em termos de temperatura média. Desde que existem dados (1931), só em 15 anos se registaram valores médios em Julho tão baixos como os verificados no mês passado.
E se olharmos para a temperatura máxima, o recorde é ainda mais impressionante: seria preciso recuar 30 anos para encontrar níveis idênticos. O valor médio da temperatura máxima do ar foi de 27,25 graus, 1,47 inferior ao normal. A temperatura mínima também foi mais baixa do que o normal (-0,57 graus), mas de forma menos acentuada.
Mas se as queixas dos portugueses sobre as temperaturas eram justas, o mesmo não se pode dizer sobre os protestos relativamente à chuva. É que ao contrário do que pôde parecer, Julho foi um mês relativamente seco. Segundo o IPMA, o valor médio da quantidade de precipitação em Julho correspondeu a pouco mais de metade (57%) do valor normal.
Apesar disso, e dados os elevados níveis de precipitação registados desde Fevereiro, "não existe seca meteorológica em Portugal continental". No final do mês, refere o IPMA, 91,9% do território estava na classe de chuva fraca.
Anticiclone dos Açores: o suspeito do costume
Como quase sempre em matéria de clima em Portugal, as razões para estes extremos climatérios estão no anticiclone dos Açores.
"Durante o mês de Julho o anticiclone dos Açores localizou-se, predominantemente a oeste do arquipélago, entre os Açores e as Bermudas, com fraca intensidade, apresentando, em geral, valores máximos de pressão no seu centro inferiores a 1030 hPa. Nesta situação meteorológica, o prolongamento em crista do anticiclone dos Açores para a Península Ibérica era pouco pronunciado, determinando uma corrente em geral fraca de oeste ou noroeste e possibilitando a aproximação e a passagem de superfícies frontais frias, de fraca actividade, ao noroeste do território do Continente", escreve o IPMA no boletim relativo ao mês de Julho.