Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Efeitos positivos da gestão

Investimentos realizados na melhoria da gestão da água em Portugal têm contribuído para atenuar os efeitos das secas e a probabilidade de ocorrência de cheias

01 de Junho de 2011 às 10:31
  • ...
As alterações climáticas têm uma incidência forte sobre a água. A consequência imediata e porventura mais preocupante desse efeito é a alteração do ciclo hidrológico, sobretudo em regiões do planeta como aquela onde Portugal se insere, em que há diminuição da quantidade de água disponível. Mas o problema mais preocupante que ocorre em destinos como o nosso país é a acentuação dos fenómenos extremos.

Ou seja, os anos húmidos são mais intensos, com precipitações mais elevadas e maior probabilidade de ocorrência de grandes cheias, e os períodos secos são tendencialmente mais extremos e prolongados, por períodos que podem ser superiores a um ano. Há, assim, um extremar do clima, com agravamento das condições de torrencialidade e aridez.

Mas há outras consequências das mudanças climáticas importantes em relação às zonas costeiras. Por um lado, a subida do nível médio das águas do mar terá efeitos em termos de erosão. Por outro, as zonas de ria e as águas doces subterrâneas correrão maior risco de ficar salgadas. Isto terá consequências gravosas sobre os ecossistemas costeiros, cujo risco de perturbação já é elevado devido a já estarem, muitos deles, condicionados pela pressão urbanística.

Para além dos efeitos directos, há outros, indirectos, das alterações climáticas sobre a água. Por exemplo a alteração das temperaturas médias pode trazer de volta, a algumas regiões da Europa, como Portugal, certo tipo de doenças que tradicionalmente não existem. Mas também há um conjunto de consequências que podem estar associadas ao meio físico, como as de alteração dos ecossistemas em geral, que podem ser também graves. Só que ainda não há estudos suficientes que relacionem o aumento da temperatura com a biodiversidade para termos certeza absoluta disso.

O principal problema relacionado com a gestão da água tem a ver precisamente com as mudanças que estão a ocorrer no clima em Portugal, que aumentam a probabilidade de ocorrência de secas extremas e prolongadas e períodos de chuva intensos com riscos de ocorrência de cheias. Isso implica que a gestão da água seja criteriosa, use um planeamento integrado e procure o equilíbrio entre os seus vários usos.

É preciso não esquecer que a escassez da água tem muito a ver com a diversidade de usos a que tem de dar resposta, desde a mitigação da sede ao uso doméstico na cozinha e para lavagem, ou para a produção de energia em centrais hidroeléctricas, só para mencionar algumas das utilizações humanas, porque ela é também essencial para a natureza viva.

E há outras realidades sociais e económicas a condicionar e agravar o problema da escassez, em certas regiões do mundo onde o aumento populacional tem tido consequências nos seus consumos de água. Basta pensarmos no continente africano, onde há zonas com grande stress político e social, como o Magreb, onde o aumento demográfico e a expectativa de desenvolvimento das populações gera maiores consumos de água para produção alimentar, energética e para uso doméstico. Isso aumenta a probabilidade de indisponibilidade de água. Ou seja, os problemas de gestão da água já existem, mas as alterações climáticas podem agravá-los. Um bom planeamento e boa gestão dos seus usos, em conjunto com uma elevada capacidade de armazenamento e retenção têm efeitos muito positivos. Basta lembrar que Portugal sofreu uma das suas maiores secas em 2005. Mas os seus efeitos foram sentidos de forma muito menos intensa do que há 20 anos, devido aos investimentos realizados na melhoria da gestão da água nas últimas décadas.





A água do planeta

O planeta Terra tem 97% de água salgada contida em mares e oceanos, 2% armazenada sob a forma de neve e gelo, e apenas 1% de água em condições de ser utilizada para fazer crescer as nossas culturas, produzir energia eléctrica nos cursos de água ou possibilitar o fornecimento de água potável para as nossas casas, entre outras.








Menos água com crescimento demográfico

A rápida urbanização, que há cinco décadas muda a paisagem africana, está a colocar grandes desafios para o abastecimento de água e serviços de saneamento naquele continente, de acordo com um novo relatório publicado pelas Nações Unidas.

Segundo a Avaliação de Resposta Rápida do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), os centros urbanos estão a crescer, em África, a um ritmo superior ao de qualquer outra parte do globo. A população das cidades africanas, sem acesso a água potável, aumentou de 30 milhões, em 1990, para 55 milhões em 2008. Neste mesmo período, o número de pessoas sem serviços de saneamento considerados "razoáveis" duplicou em todo o mundo, para cerca de 175 milhões.

Hoje, 40% da população africana, cerca de mil milhões de pessoas, vive em áreas urbanas, 60% das quais em favelas ou bairros de lata, locais com graves problemas de saneamento básico.

"Estas são realidades extremas e há factos que precisam de ser revelados à medida que os países se preparam para a Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável em 2012", explicou em comunicado o director-executivo do UNEP e subsecretário-geral da ONU, Achim Steiner.

Esta conferência, também conhecida pela designação Rio+20, irá questionar a Economia Verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza. "Há cada vez mais provas que podemos começar a trilhar um caminho diferente no que toca à água e saneamento", disse Achim Steiner.

O estudo analisou pormenorizadamente cidades como Adis Abeba, na Etiópia, Grahamstown, na África do Sul e Nairobi, no Quénia, áreas metropolitanas que cresceram de forma vertiginosa nas últimas décadas e que hoje enfrentam graves problemas de acesso a água potável e saneamento básico.

"As políticas públicas que redireccionam 0,1% do PIB global por ano podem ser importantes, não apenas em relação ao desafio do saneamento básico, mas também da conservação de água potável, ao reduzirem 1/5 da procura de água nas próximas décadas", explicou ainda Achim Steiner.

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio