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Orçamento será decisivo para que Portugal possa copiar a Irlanda

Ministra das Finanças desdramatiza cautelar, mas ainda admite seguir Irlanda.

Miguel Baltazar/Negócios
15 de Novembro de 2013 às 00:01
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Maria Luís Albuquerque admite que Portugal possa seguir as pisadas da Irlanda, mas para isso precisa de se "focar na implementação das medidas" do Orçamento do Estado. Esta é a leitura da ministra das Finanças após ter sido conhecido hoje que a Irlanda não recorrerá a um programa cautelar.

O regresso da Irlanda aos mercados sem recorrer a um programa cautelar "é um precedente encorajador" que é "positivo para toda a Europa" qualificou a responsável portuguesa, em conferência de imprensa após a reunião do Eurogrupo, admitindo até que Lisboa possa seguir as pisadas de Dublin em meados do próximo ano. Para isso, contudo, é essencial seguir à risca a receita acordada com a troika.

As decisões da Irlanda e da Espanha de não recorrer a qualquer apoio cautelar após o fim dos seus programas de ajustamento no próximo mês mostram que "os programas de ajustamento resultam" e que se "consegue recuperar a confiança dos mercados", disse.

Para Portugal a decisão mais relevante foi a da Irlanda, que informou Portugal apenas quinta-feira de manhã da sua opção de não recorrer a qualquer linha de crédito. Por várias vezes o Governo português assumiu que a Irlanda abria caminho no regresso aos mercados. Nos últimos meses, as taxas de juro dos dois países afastaram-se, com os juros a dez anos da Irlanda a rondarem os 3,5% e os portugueses a ficarem nos 5,8%. A ministra das Finanças recusa que a decisão de Dublin afaste ainda mais os dois países.

"Não faz sentido descartar a hipótese de Portugal seguir" o exemplo irlandês, defendeu, acrescentando que ainda "temos um caminho para percorrer", nomeadamente a execução do Orçamento do Estado para o próximo ano, "cuja implementação é decisiva". "Temos de nos focar na implementação das medidas", frisou.

Programa cautelar "não é medida de sucesso"

Maria Luís Albuquerque defendeu ainda que o recurso a um programa cautelar "não é uma medida de maior ou menor sucesso" dos programas de ajustamento, pois a sua utilização pode ser meramente "uma medida de prudência". Essa, continuou, é uma decisão que depende de muitos factores, nomeadamente do momento "dentro do próprio país" e na Zona Euro. Michael Noonan, o ministro das Finanças irlandês, justificou a recusa em requerer um programa cautelar em grande parte com as condições "benignas" nos mercados e na Zona Euro.

O Eurogrupo também considera que a opção irlandesa não deve influenciar Portugal: "Não creio que [a decisão irlandesa] vá influenciar a decisão pendente de Portugal", afirmou Jerome Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, acrescentando que "os instrumentos" de apoio "estão disponíveis para quem precisar.

Um factor decisivo será a evolução das taxas de juro e a aceitação pelos investidores da dívida portuguesa. A ministra não quis avançar quando é que Portugal testará novamente os mercados, mas garante que "há manifestações de interesse" e que admite que "no início do próximo ano, em Janeiro, Fevereiro" Portugal possa voltar a emitir a médio e longo prazo. "Estamos atentos a oportunidades", afirmou.

* Em Bruxelas

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