John Berrigan, o chefe de missão da Comissão Europeia, é um dos homens fortes da Comissão para área financeira, e no último ano tem estado directamente envolvido na construção da união bancária europeia, o instrumento central na estratégia europeia para reduzir a fragmentação financeira da Zona Euro (o facto dos juros estarem mais elevados na periferia do que no centro) que, diz, está a colocar em risco a recuperação da periferia e pode colocar em causa o futuro da própria moeda única.

O irlandês entrou na Comissão em meados dos anos 80, e passou a década seguinte envolvido nos trabalhos de criação do euro. Desde a viragem do século que se especializou no estudo e na análise de políticas para os mercados financeiros europeus, com especial enfoque na estabilidade financeira. Tem um bom conhecimento dos programas de assistência da troika, para os quais contribui na parte financeira, e acompanha de perto o programa irlandês, com o seu nome a ser mencionado com frequência nos contributos directos para o programa.

Para Portugal talvez o mais relevante seja o facto de novo homem forte da Comissão reconhecer o esforço que países como Portugal e Irlanda estão a fazer, considerando aliás que os Estados-membros do Norte (um grupo onde se costumam incluir a Alemanha, a Finlândia e a Holanda) não são sensíveis aos esforços a Sul. Lamenta ainda que no Norte muitos considerem que os empréstimos que estão a conceder sejam bolsas, ignorando no debate público que estão a fazer dinheiro com o Sul.   

Do lado do FMI chega Subir Lall, um homem com experiência académica que, nos seus primeiros anos no Fundo, acompanhou a crise asiática do final década de 90, e que passou o início da década anterior a investigar mercados financeiros, incluindo as implicações de grandes crises financeiras na economia real. Entre 2009 e 2011 voltou a debruçar-se sobre a Ásia, tendo sido chefe de missão para Coreia e Malásia e desde 2012 passou a liderar a equipa que acompanha a Alemanha. E é nesse papel que, embora apoiando em geral a política económica germânica, alertou os responsáveis da maior economia europeia para a importância e de não exagerarem na austeridade e para o seu papel central no desenvolvimento de instituições adequadas, um reparo que chegou num momento em que a Europa procura avançar com a união bancária.