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Comissão: Salários deveriam cair pelo menos mais 2% a 5% (act.)

O nível de desequilíbrio da economia e a elevada dívida externa desemprego aconselham a cortes adicionais nos salários em Portugal, analisam os técnicos da Comissão.

Reuters
20 de Fevereiro de 2014 às 13:37
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Portugal já fez um ajustamento salarial significativo, mas as graves fragilidades da economia em termos estruturais aconselham a cortes salariais adicionais de pelo menos 2% a 5%. Este seria o esforço necessário para baixar o desemprego e reduzir a dívida externa para metade estimam os economistas da Comissão, que pedem para os resultados serem lidos com cautela.

 

Os economistas de Bruxelas consideram que “desde 2010, Portugal registou um ajustamento significativo dos custos unitários de trabalho” e reconhecem os resultados conseguidos na redução do défice externo. No entanto, a Portugal não basta estabilizar os níveis de dívida e desemprego, tem de os conseguir baixar. E para isso cortes salariais adicionais face aos registados nos países concorrentes serão necessários, defendem no relatório da décima avaliação ao programa de ajustamento português, publicado hoje, quinta-feira, dia 20.

 

A posição líquida de investimento internacional (PII) – uma medida das responsabilidades do país perante o exterior que ascendeu a 118,9% do PII no final de 2013 – está num nível elevado e terá baixar, defende a Comissão. “A PII é um dos indicadores chave monitorizados no contexto do Procedimentos por Desequilíbrios Macroeconómicos, e uma redução contínua da PII deve ser garantida no médio prazo”. Por hipótese, no relatório é assumida uma redução para metade até 2023.

 

É para atingir esse objectivo que “os salários ainda estão sobreavaliados em cerca de 2% a 5%”, estimam os técnicos de Bruxelas, acrescentando que “as estimativas são muito sensíveis à medida de produtividade usada” e também que “um ajustamento adicional nos custos unitários dos principais concorrentes de Portugal deveria aumentar a redução salários exigida".

 

Mas não é apenas para reduzir a dívida externa que os salários devem cair, é também para criar emprego. “Uma redução de um ponto percentual na taxa de desemprego exige uma redução de salários reais de 2,4%” nos modelos usados, pelo que “um corte real de 5% nos salários seria necessário para fechar a distância entre a taxa de desemprego real e a NAWRU [taxa de desemprego que gera pressões em alta sobre os salários]”, estimada em cerca de dois pontos percentuais. Os técnicos acrescentam que, por outras medidas, seriam até necessários “ajustamentos salariais reais significativamente mais elevados para baixar o desemprego”.

 

Perante estes números, a Comissão conclui que “o ajustamento salarial necessário face aos desequilíbrios interno e externos não parece muito elevado", mas sublinha "a necessidade de preservar o ajustamento feito nos últimos anos e de uma moderação salarial continuada no médio prazo”.

 

Os economistas avisam que as conclusões “devem ser lidas com cuidado” pois dependem de relações no funcionamento do mercado de trabalho difíceis de medir – como o impacto das variações salariais na procura  trabalho  – e também de muitas outras hipóteses como a evolução do economia, e da produtividade ou o crescimento do PIB.

 

(Notícia em actualizada com cinco últimos parágrafos às 14h10)

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