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Tóssan ou a arte divertida

Tóssan foi um dos mais notáveis mestres da arte da ilustração e do grafismo no século XX. Agora é altura de recuperarmos o seu excepcional trajecto.

Tóssan, Manuela e António Aleixo no sanatório de Covões, nos anos 40
23 de Junho de 2018 às 14:00
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Há livros assim: são janelas para redescobrir alquimistas que deixaram a sua impressão digital no nosso dia-a-dia. E que, depois, desapareceram sem deixar muitos rastos. O que vale é que há a memória de alguns que seguiram com emoção os sinais da sua herança e guardaram tudo isso para que esse tempo não se eclipsasse para todo o sempre. Este livro/catálogo sobre a vida e o trabalho de Tóssan é uma luz no fundo do túnel do esquecimento. Traduz o artista que conseguia, com meia dúzia de traços, imortalizar um rosto, como se escreve algures. Os livros de curso das faculdades refinaram-lhe o estilo, aquele que ele acabou por levar para outros mundos.

António Fernando dos Santos (Vila Real de Santo António, 1918 - Agosto de 1991, Lisboa), conhecido por Tóssan, foi um pouco de tudo: pintor, ilustrador, decorador e gráfico. Foi mais do que a soma de todas essas partes, como se escreve neste livro: "O humorista-ator que Tóssan nunca quis ser acabaria por ser recordado no espectáculo "Tótó", levado a cena pelo seu grande amigo e admirador Mário Viegas, ainda no ano da sua morte em 1991." Nele se recolheram muitos escritos inéditos de Tóssan.

A sua versatilidade gráfica está presente em muitos territórios, do suplemento "Juvenil" do "Diário de Lisboa" à publicidade que fez, por exemplo, para a CUF, recordados nestas páginas. O seu caminho é iluminado: pertenceu, desde finais da década de 1940, ao Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), onde foi cenógrafo e caracterizador. Durante os anos em que residiu em Coimbra, caricaturou centenas de estudantes das suas universidades e a sua primeira obra como ilustrador acabou por ser a capa do livro "O Teatro dos Estudantes de Coimbra no Brasil". Essa ligação fez com que, entre 1961 e 1964, orientasse os trabalhos gráficos da Embaixada do Brasil em Lisboa, cuja Biblioteca Sala Brasil decorou. Um dos criadores do suplemento juvenil do "Diário de Lisboa", colaborou com o jornal humorístico "O Bisnau". Foi também o autor do cartão da tapeçaria do salão nobre da Procuradoria-Geral da República, em Lisboa.

Ficaram célebres a sua colecção de trocadilhos à volta da palavra "cão", chamada "Cão Pêndio", e "Lógica Zoológica", conjunto de 22 crónicas escritas e ilustradas por Tóssan em 1983 para o semanário de humor "O Bisnau". É parte deste legado que agora descobrimos nestas páginas de grande formato, e que dão uma dimensão mais perfeita da sua arte nómada e criativa.



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