Notícia
Sentir uma “Embriaguez Divina”, fazer um percurso sonoro e seis outras ideias
Na agenda para este fim de semana, há também exposições de arte contemporânea, teatro a norte do país e conversas sobre os “essenciais” da pandemia sem ter de sair de casa.
MAL – EMBRIAGUEZ DIVINA
Fica desde já o aviso: a nova criação de Marlene Monteiro de Freitas é uma dos fortes candidatas a integrar as listas de melhores espetáculos do ano. Porquê? Pelo trabalho de pormenor e pela capacidade constante de criar histórias. Será impossível, em qualquer segundo de "Mal – Embriaguez Divina", não encontrar um percurso narrativo que nos desafie ou intrigue no rosto de cada um dos intérpretes. A criadora prova assim que a dança é a exploração do corpo como um todo, dos movimentos mais amplos às expressões faciais. Inspirada numa obra de George Bataille, Marlene Monteiro de Freitas volta a explorar um lado mitológico, explorando as ambivalências do mal, para provar que este é um conceito com múltiplas camadas. O mal até pode ser inocente e fazer-nos rir, como provam muitos dos momentos do espetáculo. Numa tribuna, os seis intérpretes andam numa roda-viva de histórias, onde não faltam as referências ao cinema e à restante cultura popular. Eles são parte de uma máquina que os transcende, como prova a repetição de micromovimentos ao longo de todo o espetáculo. Em resumo, eles são caricaturas de nós próprios. Quantas formas há de ser mau? Tantas como as maneiras de bater palmas. Esta foi a escolha para abrir a nova temporada da Culturgest. Se não conseguiu bilhete para assistir em Lisboa até sábado, fique a saber que "Mal – Embriaguez Divina" ruma ao Porto para exibições no Rivoli – Teatro Municipal a 29 e 30 de outubro.
Ao longo dos últimos anos, o Open House Lisboa abriu as portas de muitos edifícios emblemáticos da capital. Agora, em tempo de pandemia e para evitar ajuntamentos, a nova edição surge com uma proposta algo diferente: conhecer a cidade através de passeios sonoros neste fim de semana. São oito os percursos imaginados e narrados por nomes da cultura nacional como Gonçalo Byrne, Gonçalo M. Tavares ou Paula Moura Pinheiro. Durando entre 30 e 70 minutos, cada um destes percursos conta com um ponto de partida, onde existirão voluntários prontos a ajudar. Pode iniciar este percurso à hora que quiser e ao seu ritmo, sozinho ou em família, seguindo as dicas dos ficheiros de áudio que podem ser baixados no "site" do projeto. O percurso de Alvalade está adaptado a pessoas cegas ou com baixa visão.
FESTA. FÚRIA.FEMININA – OBRAS DA COLEÇÃO FLAD
Esta é a maior exposição feita a partir da coleção da FLAD - Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, reunindo 228 obras (das mais de mil que constituem o acervo) e trabalhos de artistas portugueses de diferentes gerações. Com curadoria de António Pinto Ribeiro e Sandra Vieira Jürgens, a exposição está patente na Central Tejo do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, até 25 de janeiro. Esta é uma oportunidade também para conhecer algumas das obras de arte contemporâneas adquiridas mais recentemente pela fundação.
ESSENCIAIS
Se neste fim de semana já tem planos, aqui vai uma sugestão para segunda-feira, 28 de setembro. E não precisa sequer de sair de casa para assistir. O Teatro do Bairro Alto disponibiliza "online" quatro conversas que juntam um artista a um trabalhador "essencial" na resposta à pandemia. O que há de essencial na arte ou em ser-se operador de "call center", deputado ou assistente de geriatria? Este é um momento em que o diálogo faz pontes entre mundos distintos para nos provar, uma vez mais, que vivemos em rede – e que a pandemia só veio tornar isso ainda mais evidente. O projeto estará disponível nas diferentes plataformas do Teatro do Bairro Alto.
FESTIVAL
O que há para lá da morte? Haverá vida ou felicidade garantida? É a procurar respostas a questões como estas que se entretêm quatro funcionários de um escritório. O encenador Jorge Andrade parte do livro "Sum" do neurocientista David Eagleman para erguer este espetáculo de ficção científica. A criação integra-se no ciclo "Uma Família Inglesa", que explora textos de autores ingleses que inspiram a companhia Mala Voadora. Para assistir no Teatro Carlos Alberto, no Porto, até domingo.
SEM LIMITES
Esta exposição, em que participam 118 artistas, apresenta-se "sem restrições de idade, género, disciplina ou tendência". Promovida pelo movimento SOS Arte PT, a mostra no Fórum da Maia conta com obras realizadas, na sua maioria, durante o período de confinamento. A eventual venda dos trabalhos expostos reverterá, na íntegra, para os seus criadores. Esta é também uma forma de alertar para as dificuldades que a pandemia tornou ainda mais evidentes no setor. Patente até 18 de outubro.
ODE MARÍTIMA
Um dos poemas mais marcantes de Álvaro de Campos volta ao palco, desta vez pelas mãos da companhia João Garcia Miguel. Ao encenador e ator junta-se o grupo de acordeonistas Danças Ocultas, com música criada de propósito para o espetáculo. Um regresso aos anseios sobre a infância, a solidão ou a confusão citadina que marcam este heterónimo de Fernando Pessoa. Para assistir este sábado, às 21h30, no Teatro Aveirense.
EPICENTRO:MILAGRE
Se estiver por São Miguel, nos Açores, aproveite para visitar a nova proposta do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, que é inaugurada este domingo. Com curadoria da equipa do festival Tremor, a exposição estava prevista para a edição deste ano, que acabou cancelada devido à pandemia. Agora, é tempo de conhecer o resultado do desafio lançado aos artistas, para que pensassem e representassem a identidade açoriana. Patente até 10 de janeiro do próximo ano.