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Os rostos do Brexit

O país dividiu-se durante a campanha e depois do referendo. E, por isso, também as pessoas ficaram profundamente ligadas a um lado ou outro. Os dois principais partidos entraram numa crise de liderança. Tal como o país.

Reuters
01 de Julho de 2016 às 14:00
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David Cameron

O ainda primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, deu a cara pelo "Remain" (permanência) e perdeu. E, no dia 24 de Junho, quando o resultado foi anunciado, não teve outro remédio. Logo pela manhã em Downing Street, resignou. Ficou seis anos. Ganhou as primeiras eleições para primeiro-ministro em 2010, mas teve de coligar-se. No segundo mandato já não precisou de se unir. Os conservadores garantiram a maioria, mas Cameron ficou apenas um ano. E já não estará em Downing Street quando, em Outubro, fizer 50 anos
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Boris Johnson

Foi o rosto do "Leave" e ganhou. Era referido como candidato potencial e um dos favoritos ao lugar de Cameron, mas numa decisão de última hora, Boris Johnson assumiu que não será o candidato que todos esperavam. Quase todos. Apesar da campanha, e de ter vencido, a sua popularidade é muita, mas não é consensual. A vitória do Brexit foi um presente envenenado para as suas aspirações. Para o que se estará a reservar é difícil agora saber. Este político-jornalista, louro, que foi "mayor" de Londres, nasceu em Nova Iorque há 52 anos.
Nigel Farage

O líder do UKIP, o partido mais votado nas eleições europeias no Reino Unido, fez campanha pelo Brexit. Eurocéptico, foi defender o resultado no Parlamento Europeu, e acabou a dizer que a maioria dos parlamentares nunca tinha feito nada na vida. Nigel Farage fundou o UKIP, depois de sair do Partido Conservador, em 1992, no seguimento da assinatura do Tratado de Maastricht. É deputado europeu desde 1999. No dia do referendo quis ser o primeiro a falar. Reconheceu uma derrota, que afinal não se concretizaria.
Jeremy Corbyn

Eleito líder do Partido Trabalhista no ano passado, a sua liderança está agora a ser contestada. Nas ruas vai recebendo apoio de quem se considera socialista. Mas, no partido, a vitória do Brexit foi vista como o argumento necessário para tentar afastá-lo. Foi aprovado um voto de não confiança pelos deputados do seu partido, em particular os ligados à ala Blair, ex-líder trabalhista que Corbyn sempre contestou. Já há mesmo potenciais candidatos à liderança: Angela Eagle e Tom Watson. Corbyn tem 67 anos e virou o partido à esquerda.
Nicola Sturgeon

Fará este mês 46 anos. É há ano e meio primeira-ministra da Escócia, a primeira mulher no cargo. Era o destino. Já em 2004 se tinha pré-anunciado candidata à liderança do partido SNP, acabando por desistir a favor de Alex Salmond, que acabou primeiro-ministro. Sturgeon sucedeu-o no cargo, do qual se demitiu depois de o referendo sobre a independência ter pendido para o "não". Agora, fala-se de novo referendo, já que nas urnas os escoceses disseram que preferiam ficar na União. Sturgeon tem uma palavra a dizer.
Mark Carney

Na noite do referendo não deve ter dormido. Logo pela manhã, de dia 24, Carney foi o primeiro a tentar pôr água na fervura, dizendo que o Banco de Inglaterra tudo faria (e fará) para estabilizar o sistema financeiro. Foi criticado pelos dois lados da campanha. O "Leave" acusou-o de ter apoiado o "Remain", que o acusou de não ter sido mais incisivo nas declarações sobre o alegado risco do Brexit. Carney, 51 anos, está à prova. Foi nomeado em 2012 para oito anos, na altura disse que ficaria apenas cinco mas, entretanto, admitiu ficar os outros três.
Michael Gove

No referendo apareceu lado a lado com Boris Johnson a fazer campanha pelo "Leave". Acabou a sobrepor-se ao louro político dos conservadores. Na conferência de imprensa de reacção à vitória no referendo, Gove, ministro da Justiça, foi o último a falar. Antecipou-se a Boris e anunciou a candidatura à liderança dos conservadores. Apesar de ter sido acusado de mentir durante a campanha, Gove chegou à política pela mão de Cameron, de quem é amigo. O grande concorrente na corrida ao partido é Theresa May, colega no Executivo.
George Osborne

O ministro das Finanças está sob fogo cruzado. Não apenas se colocou ao lado de Cameron no "Remain", como falhou ao tentar acalmar os mercados. Explicação? Já ninguém o ouve. Não terá por isso grande longevidade no Governo. Afastou-se quase de imediato de uma candidatura à liderança do partido. Osborne foi dizendo, durante a campanha, que o Brexit custaria aos britânicos um orçamento suplementar, mais austeridade. Para os "leavers", Osborne já tem sido o rosto dessa austeridade.
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