Notícia
Os retratos da diva
A Taschen editou agora um livro para investimento da fotógrafa Annie Leibovitz, que reúne 40 anos de retratos de 250 personalidades que fazem parte da nossa História.
05 de Agosto de 2017 às 09:00
Os exemplares da edição "Collector's" estão divididos em quatro capas diferentes, cada exemplar traz um tripé para o livro desenhado por Marc Newson.
A anos luz de tudo o mais, é preciso reverenciar longamente a Taschen por ter acabado de editar um livro que é uma homenagem ao livro que, por sua vez, é um bem cultural de enorme valor, sendo também um objecto de arte. O livro é da colecção SUMO da Taschen, isto é, a colecção de luxo e de dimensões gigantescas, tem uma edição "Art" com apenas mil exemplares, e uma edição "Collector's", com nove mil exemplares, todos eles assinados pela autora, e, claro, numerados.
A autora e a obra escolhidas para objecto do livro são também, à partida, valores muito seguros. A autora é a velhinha iconoclasta Annie Leibovitz e a obra são os seus retratos, feitos ao longo dos últimos 40 anos, do seu início nos movimentados anos 70 do século passado, quando trabalhava para a Rolling Stone, até aos dias de hoje, que a Aninhas não mostra vontade de se acalmar, e aclamar, na reforma. Há um número importante de razões para que o trabalho retratista de Leibovitz seja mítico e reverenciado.
A primeira de muitas é o acesso que tem, e sempre teve. Sendo uma lenda viva, um pouco como Avedon, não há ninguém que não queira ser fotografado por ela. Assim, temos os inevitáveis músicos, actores e figuras mediáticas, mas também políticos, homens de negócios e desportistas. Não é só o facto de que quase todos os ocidentais de topo passaram pela lente da fotógrafa, é acima de tudo o facto de que os seus retratos são parte da nossa História. Mas esta é sua a dimensão de testemunho.
A outra razão principal para a singularidade Leibovitz é o seu olhar pela lente, a sua arte. Há uma criação de contexto em cada retrato, que em parte se deve aos traços iconoclastas e ao humor de Leibovitz, mas noutra parte se deve à sua busca por em cada retrato contar um pouco da história e da personalidade do escolhido. Há ainda outras razões, como por exemplo Leibovitz ter uma certa queda para retratar grupos, isto é, indivíduos com alguma relação entre si.
O projecto, encomendado pela Taschen, foi de imediato aceite pela fotógrafa, mas levou vários anos a ser concretizado. Não poderia ser de outra maneira. Leibovitz, reconhecida muito cedo como uma profissional de excepção, fotografou milhares de homens e mulheres, e a escolha foi limitada a 250 retratos. Assim, houve que executar vários balanços, o mais difícil dos quais foi ter um equilíbrio entre fotos que se tornaram célebres, como a de John Lennon e Yoko Ono abraçados, a outras quase desconhecidas, mas de enorme importância para a artista.
Haverá certamente retratos que irão surpreender o leitor, mesmo aquele que se considera um conhecedor da obra. A grande curiosidade agora é a de saber como irá responder o mercado, isto é, qual será a velocidade com que a edição se irá esgotar.
Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.