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“Fora de Campo” e outras cinco formas de estar dentro da Cultura

No mesmo fim-de-semana em que os SillySeason apresentam um novo espetáculo, Mónica Calle volta ao texto com que se estreou. Já Sónia Baptista deixa-o espreitar, num ensaio aberto, o seu novo trabalho. Há ainda jazz ou novos talentos na dança para descobrir.

12 de Setembro de 2020 às 12:00
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FORA DE CAMPO
Ao longo dos últimos meses, em casa, deixámo-nos embrenhar pelos enredos das séries de televisão. Fizemos delas uma das nossas maiores companhias em tempo de pandemia. Assistimos, muitas vezes acriticamente, a lógicas que se repetem de temporada em temporada. É sobre esta realidade (construtora de ficções) que o coletivo SillySeason trabalha em "Fora de Campo", em cena no Teatro Taborda, em Lisboa, até domingo. O palco transforma-se num estúdio para, enquanto se gravam as cenas de um episódio piloto, se recriar o clássico "Casa de Bonecas" de Ibsen. Os atores vão-se apercebendo que também eles estão presos em estruturas padronizadas de produção, incapazes da verdadeira liberdade, como na sociedade burguesa traçada pelo dramaturgo norueguês. Entre o caos e o poético - ou até mesmo num caos poético - questiona-se a força do poder e da tradição. Tudo é desconforto, até as câmaras e os cabos que convivem no mesmo palco dos intérpretes. Deste espetáculo sai-se com mais dúvidas do que certezas, com mais incómodos do que conquistas. "Hoje é o dia mais feliz da minha vida", repete-se até à exaustão, já na fase final. Seremos nós atores de uma ficção que nos anula? Ou meros espectadores da nossa existência? Impõe-se uma metáfora para fazer o balanço: enquanto a câmara preferir o "glamour", o sofrimento ficará sempre desfocado. O mesmo se pode dizer desta sociedade de aparências.
 
 
A VIRGEM DOIDA
Foi com este texto de Rimbaud que Mónica Calle se estreou como atriz, arrancando também a sua companhia, a Casa Conveniente. Agora, 28 anos depois, há uma nova oportunidade para assistir a este solo. "A Virgem Doida" é o primeiro momento do ciclo "Este é o Meu Corpo", onde a criadora recupera um trajeto: um corpo de trabalho onde o seu corpo é a figura-chave. O São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, é a casa onde se reativa este percurso, como memória renovada numa arte que é efémera por natureza. Se este primeiro trabalho está em cena até domingo, o ciclo estende-se até 17 de outubro.
 
 
FESTA DO JAZZ
Se é apreciador de jazz, nem precisa de sair de casa para participar nesta "Festa do Jazz". Devido à pandemia, a edição deste ano não terá público presencial. Assim, o evento será transmitido a partir do Centro Cultural de Belém durante todo o fim-de-semana. No domingo, um dos pontos altos é a homenagem de Mali M´Buli Baaba ao pianista Bernardo Sassetti, com um concerto pelas 21h00. A iniciativa contará também com um debate sobre racismo, evidenciando as ligações deste género musical às comunidades negras. Por fim, o lado solidário marca também presença, com a recolha de donativos para artistas e técnicos afetados pelo cancelamento generalizado de espetáculos.
 
 
THE ANGER! THE FURY!
É nos ensaios que se preparam, até à exaustão, os trabalhos artísticos. E, na maioria das vezes, o público não faz parte desta etapa. Se sempre teve curiosidade, ou quer sentir-se como parte dos bastidores, tem agora a oportunidade: neste ensaio aberto, pode ficar a conhecer o universo que Sónia Baptista está a preparar, em volta da ira como forma de loucura temporária. A entrada é gratuita este sábado, pelas 21h30, na Rua das Gaivotas, 6, em Lisboa. O resultado final pode ser visto, depois, em novembro no São Luiz Teatro Municipal.

 
PROGRAMA TERRITÓRIOS III
Todos os anos, bailarinos de diferentes regiões do país integram o programa "Território", encarado como uma plataforma para integrar novos talentos na Companhia Nacional de Bailado e, consequentemente, no mundo da dança. O Teatro Camões, em Lisboa, dá a ver o resultado deste trabalho durante este fim-de-semana: a edição de 2020 conta com peças de Marco Goecke e da dupla Iratxe Ansa/Igor Bacovich.

 
DA TERRA E DA SERRA
Cinco visões sobre a terra, em formatos diferentes, assinadas por artistas diferentes. É esta a proposta para seguir, até 11 de outubro, no espaço Maus Hábitos no Porto. A exposição, com curadoria de Daniel Moreira e Rita Castro Neves, pode ser visitada agora com as novas regras de segurança, após uma primeira inauguração adiada pela pandemia. Alice Geirinhas, José de Almeida, Maria Lino, Pedro Saraiva e Tânia Dinis são os artistas que compõem esta mostra.
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