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Está aberta a corrida à mineração espacial

Durante as próximas décadas, a exploração de recursos extraterrestres, com mineração na Lua, Marte e em asteroides, vai tornar-se real. O mercado espacial tem vindo a crescer e a ONU quer acelerar a preparação de um enquadramento internacional que garanta segurança e sustentabilidade à mineração espacial. Será um dos temas da Cimeira do Futuro, em setembro de 2024, que contará com uma conferência preparatória em Lisboa, em maio do próximo ano.
Susana Torrão 08 de Setembro de 2023 às 14:45

A recente alunagem do módulo lunar Vikram no polo sul da Lua e o início do trabalho de reconhecimento e análise do solo do robô Pragyann fizeram da Índia o primeiro país a conseguir o que está no objetivo de muitos: preparar o terreno para a extração de gelo de água na Lua. O feito aconteceu apenas alguns dias depois da sonda russa Luna-25 falhar a alunagem, e é o episódio mais recente da corrida à mineração espacial protagonizada por estados e empresas privadas de todo o mundo.

 

O polo sul da Lua está na mira das missões de vários países, devido ao gelo de água existente no seu solo, que poderá vir a ser utilizado tanto na produção de combustível, como de oxigénio e água potável, essenciais à manutenção de futuras bases lunares. Além de água em estado sólido – que também está presente noutros corpos celestes –, o solo lunar contém recursos raros na Terra, caso do hélio-3. Já os asteroides são ricos em recursos como platina, níquel, cobalto e metais preciosos.

 

Hugo André Costa, diretor-executivo da Agência Espacial Portuguesa, antecipa que a Lua e Marte sejam os primeiros planetas a receber atividade extrativa. "São os que estão mais próximos da Terra e onde seria possível chegar em tempo útil e fazer a extração de minério", explica. Para preparar essa realidade – que, segundo as previsões mais otimistas, pode existir na Lua dentro de 50 anos – a missão ExoMars, da Agência Espacial Europeia (ESA), tem programada a perfuração e estudos do solo de Marte. Futuramente, caberá à missão Mars Sample Return extrair uma rocha de solo marciano, a qual será trazida para a Terra pela missão seguinte.

 

O apetecível mercado dos asteroides

 

"Muitos estudos dizem que o mercado da extração de minério dos asteroides ronda um trilião de dólares", refere Hugo André Costa, que lembra o volume de investimento necessário. "Quando olhamos para uma missão como a Osíris Rex (da Nasa), cujo propósito é ir buscar material a um asteroide e trazê-lo para a Terra e tem um custo de cerca de mil milhões de dólares e está projetada para sete anos, este tem de ser um mercado grande e suficientemente apelativo para as empresas privadas se lançarem".

 

A AstroForge, startup norte-americana, lançará em outubro uma missão que tem por objetivo recolher dados de um pequeno asteroide. Já o site da Asteroid Mining Corporation, do Reino Unido, anuncia a intenção de desenvolver a mineração na cintura de asteroides "nas proximidades da Terra", onde se sabe existirem "minerais do grupo da platina" em concentrações elevadas. "Neste momento vemos uma indústria muito forte nessa área. Por exemplo, o Luxemburgo é um país que, já há uns anos, apostou na exploração espacial como uma bandeira da sua estratégia e onde vemos que esse setor está a crescer", refere o responsável da Agência Espacial Portuguesa.

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