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Cinco mitos de Natal

Tem um presépio em casa? Conhece de cor a história do nascimento de Jesus Cristo? Talvez nem tudo o que lhe ensinaram desde criança esteja correcto. Apresentamos cinco mitos em relação ao Natal.

23 de Dezembro de 2016 às 12:00
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O dia em que Jesus Nasceu
Não se sabe exactamente a data do nascimento de Cristo. A Bíblia não faculta essa informação mas fornece-nos pistas para percebermos que não pode ter sido em Dezembro. Tendo em conta o local onde Jesus nasceu, Belém, uma cidade a 10 quilómetros de Jerusalém (que actualmente fica localizada na Cisjordânia), seria impensável que, no frio do Inverno, os pastores estivessem à noite nos campos com as ovelhas, como nos é relatado nas Escrituras. Em Lucas 2:8, pode ler-se: "Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho." Naquela época, os rebanhos passavam o Inverno em abrigos porque, além das baixas temperaturas, os campos não tinham pasto para os animais. Pela descrição bíblica, o nascimento de Cristo deverá ter acontecido num mês mais quente. Vários historiadores acreditam que o Natal foi uma cristianização do imperador Constantino de uma festa pagã popular no Império Romano, dedicada ao deus Sol. Foi a partir do século IV que a Igreja começou a comemorar o nascimento de Jesus. A data de 25 de Dezembro foi fixada por um decreto do Papa Júlio I. Ou seja, o 25 de Dezembro é apenas uma data simbólica.

Jesus nasceu num estábulo, numa gruta ou num celeiro?
Pode não ter sido em nenhum destes lugares. Em Lucas 2:7 está escrito: "… e ela deu à luz o seu primogénito. Envolveu-o em panos e colocou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria." A única coisa que se sabe sobre o local onde Jesus nasceu é que tinha uma manjedoura. Olhando para a palavra grega utilizada três vezes por Lucas - "katalyma" -, que foi traduzida por estalagem ou hospedaria, ela é diferente da utilizada numa outra parte do Evangelho. Quando Lucas escreveu sobre o bom samaritano, que levou a vítima do assalto praticamente morta à estalagem, usou a palavra grega "pandocheion". Na descrição do nascimento de Jesus, se o autor se estivesse a referir a um local de hospedagem comercial, provavelmente teria escolhido a mesma palavra. Os estudiosos acreditam, por isso, que o que ele queria dizer é que não havia lugar no aposento para hóspedes de uma casa de família, provavelmente parentes. E a razão é porque, naquela época, as casas dos camponeses na Palestina tinham duas divisões. A principal, onde a família cozinhava, comia e dormia, e outra para hóspedes. Uma espécie de anexo, com uma entrada independente, ou construído sobre a casa principal. E havia também um espaço para os animais, que muitas vezes ficava na parte de baixo da casa. Há quem defenda que terá sido aí que Jesus nasceu.

Os reis magos
No que diz respeito a estes personagens da história, há vários mitos. A Bíblia refere, no segundo capítulo de Mateus, a visita de "magos" ao Menino. O termo é utilizado no sentido de homens sábios, nada indica que fossem reis, mas não se sabe exactamente qual era a sua ocupação. Podiam ser cientistas, sacerdotes ou conselheiros. Também nunca é referido quantos eram mas, tendo em conta que a palavra é utilizada no plural, depreende-se que seriam mais do que um. A tradição assumiu que seriam três por causa dos presentes valiosos que levaram ao Menino - ouro, incenso e mirra. Todos eles simbólicos. O ouro é o metal precioso por excelência e simboliza a realeza. O incenso, um perfume queimado e usado durante as celebrações e rituais religiosos, é o símbolo da divindade. A mirra vem de uma planta medicinal que, misturada com óleo, era usada para fins medicinais e também para embalsamar os corpos. Simbolizava a imortalidade. Outro facto que se desconhece é o país de origem destes homens. Sabe-se apenas que vinham do Oriente para Jerusalém. E os nomes que nos habituámos a dar-lhes - Gaspar, Baltazar e Belchior - não estão na Bíblia. Foram estabelecidos por volta do final do século VIII, pela Igreja Católica Romana, que também decidiu dar um significado mais abrangente a estas três figuras. Belchior seria o representante da raça branca (europeia), Gaspar representaria a raça amarela (asiática) e, por fim, Baltazar representaria a raça negra (africana). Mas nada nas Escrituras refere estas características.
Estes sábios não visitaram Jesus logo depois de ele nascer e ser deitado na manjedoura. Antes desse encontro, o bebé viajou até Jerusalém, para ser apresentado no Templo, e de lá voltou a Belém. Os magos terão chegado algum tempo depois. De acordo com as Escrituras, já não encontraram um recém-nascido. "E, entrando na casa, acharam o Menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram", pode ler-se em Mateus 2:11. É possível que, nesta altura, Jesus já andasse.

A vaca e o burro
Maria chegou a Belém transportada por um jumento? Não sabemos. A Bíblia diz apenas que ela foi acompanhada por José. E também não é certo que ela tenha dado à luz no próprio dia em que chegou. De facto, pode ter chegado muito antes do parto. O que a Bíblia diz, em Lucas 2:6, é: "E aconteceu que, estando eles ali [em Belém], se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz". Quanto à presença de animais no lugar onde Jesus nasceu, isso nunca é referido nas Escrituras. A vaca e o jumento junto da manjedoura, tal como vemos nos presépios, resulta de uma simbologia inspirada em Isaías 1:3, onde está escrito: "O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. A figura do burro e da vaca passaram a fazer parte do presépio quando este foi inventado por São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223. O frade montou, com a autorização do Papa, as figuras em palha e colocou animais verdadeiros em volta para celebrar a missa de Natal e, de forma simples, explicar o nascimento de Jesus à população.

José era pobre?
As Escrituras dizem-nos que José era um carpinteiro que vivia na cidade de Nazaré. Há dois mil anos, estes profissionais eram pessoas prestigiadas e com um nível económico e social acima da média. Era um trabalho qualificado. Ter um ofício era, na sociedade da época, um privilégio somente dado a alguns que, na maior parte das vezes, passava de pai para filho. Jesus aprendeu a profissão com o seu pai adoptivo. A situação económica da família seria, por isso, confortável. Aos dias de hoje, seria uma família da classe média.



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