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"Japonização" ameaça globalizar-se em 2020
Primeiro, foi o Japão. Depois, a Europa. Agora, os investidores fazem uma avaliação global em busca do próximo surto de inflação estagnada e queda dos retornos.
O mal-estar da "japonização" espalhou-se este ano, resultado de uma quantidade recorde de títulos de rendimento negativo. A flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês) e a política monetária de juros baixos na Europa resultaram em retornos padrão para os títulos da região - às custas dos lucros dos bancos e das poupanças para a reforma. Muitos dizem que o período atual lembra a década perdida do Japão.
É um flagelo que ameaça espalhar-se ainda mais – talvez até chegue aos Estados Unidos. Poderá bastar um pequeno deslize à maior economia do mundo para mergulhar na recessão e sucumbir ao retorno zero, diz Jan Loeys, consultor sénior de estratégia de investimento de longo prazo do JPMorgan Chase.
Embora os sólidos dados do mercado de trabalho na semana passada tenham diminuído o receio de uma iminente desaceleração nos EUA, a curva de rendimento do país já sinalizou que uma recessão está em formação. Se isso acontecer, a Reserva Federal poderá imitar os bancos centrais do Japão e da Zona Euro, reduzindo os juros para zero e reintroduzindo o QE, de acordo com Loeys.
Acrescente-se o risco de um impasse político nos EUA e um excesso de poupança global, e "ficaremos perto do rendimento zero de títulos durante anos", sublinhou.
É improvável que a Fed e o Banco Central Europeu tomem medidas após as reuniões desta semana. Para a Fed, será uma oportunidade de defender o status quo após três cortes dos juros este ano.
"Os bancos centrais não têm escolha a não ser apoiar os ativos de risco e os preços dos ativos até que a expansão orçamental seja possível", comentou Richard Hodges, do Nomura Asset Management. As apostas endossadas à japonização dos títulos periféricos da Europa, este ano, ajudaram-no a superar 98% dos pares.
Em Itália, o risco político pouco fez para deter a previsão dos investidores de um rendimento de 0% no próximo ano, dada a expectativa de outro corte de juros pelo BCE. Enquanto isso, o mercado de títulos da Grécia, que enfrentou juros de 44% há sete anos, agora opera com taxas de apenas 1,5%.
Rendimentos negativos e injeção de capital do BCE ajudaram a aliviar o stress dos países mais frágeis da Zona Euro, mas também dificultaram a obtenção de lucro pelos bancos. As poupanças para a reforma também estão em risco, gerando uma onda de críticas.
"O verdadeiro problema está na Europa – eles estão a espirrar e nós estamos a apanhar a gripe", salientou Chris Rands, gestor da Nikko Asset Management, em Sidney, que gere ativos no valor de 224 mil milhões de dólares a nível mundial.
(Notícia original: Japanification the scourge threatening to go global in 2020)