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Aramco: Maior dispersão em bolsa de sempre arrancou

A Saudi Aramco vai ficar cotada em Riade. A quantidade de capital a dispersar ainda vai ser definida.

Reuters
03 de Novembro de 2019 às 10:14
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Mais de três anos depois do príncipe saudita, Mohammed bin Salman, ter falado na hipótese de privatizar parcialmente a petrolífera Saudi Aramco, através de uma oferta pública inicial (IPO, na terminologia anglo-saxónica), foi decretado oficialmente este domingo, 3 de novembro, o arranque da oferta. Isto depois de há cerca de três semanas, se ter noticiado novo atraso no IPO.

A Saudi Aramco passará, em dezembro, a estar cotada em Riade, praça da Arábia Saudita. 

Para já, conforme foi escrito pelas agências internacionais este fim de semana, a avaliação ainda nã está determinada, mas era o ponto que estava a motivar o atraso da operação. O Reino não queria aceitar avaliações abaixo de 2 biliões, mas terá cedido para um valor entre 1,6 e 1,8 biliões de dólares, segundo noticiou a Bloomberg.

O valor final vai, no entanto, ser determinado durante um "roadshow" com investidores e via "book building" (método no qual são os investidores contactados que determinam um intervalo de preços) , anunciou o presidente da companhia Yasir Al-Rumayyan numa conferência de imprensa na sede da Aramco este domingo, citado pela Bloomberg.

E deixou a garantia que avançará com a operação, mesmo que a avaliação fique abaixo dos tais 2 biliões de dólares. 

"Penso que este é o momento certo para nós", assumiu, dizendo ainda que também não está definida a percentagem que será colocado junto dos investidores internacionais face à oferta nacional, nem foi definida a percentagem que será colocada junto de institucionais e junto do retalho. Tal só ficará definido depois do "book building". Quanto à praça em que ficará cotada será a de Riade, mas não fecha a porta a outros mercados, mas isso será considerado apenas no futuro, salientou.

O prospeto da operação será publicado a 9 de novembro. 

A oferta de retalho dará uma ação adicional a quem adquira no IPO 10 títulos e os mantenha durante 180 dias. Não foi, no entanto, divulgada a quantidade de ações que serão alvo da oferta pública inicial, nem foi divulgado o calendário final. No entanto, a Reuters avança que a dispersão poderá ser de 1 a 2% do capital da petrolífera, o que permitiria encaixar até 20 a 40 mil milhões de dólares. Mas se se ficar pelo 1%, o encaixe geraria "apenas" 15 mil milhões de dólares ao Reino, o que ficaria abaixo dos 25 mil milhões de dólares conseguidos no IPO pela chinesa Alibaba.

A Aramco produz 10% do petróleo a nível mundial e é a empresa mais lucrativa do mundo. No ano passado obteve lucros de 111 mil milhões de dólares, mais do que a Apple, Alphabet e Exxon Mobil juntas.A dispersão vai acontecer depois dos ataques de 14 de setembro às suas plataformas, mas a empresa diz que não espera impactos materiais nas operações nem nas condições financeiras. Os ataques causaram, ainda assim, o encerramento temporário de plataformas com um débito de 5,7 milhões de barris por dia, mais de 5% do fornecimento de petróleo mundial. 

Os lucros nos nove meses até final de setembro atingiram 68 mil milhões de dólares, anunciou a empresa, com as vendas a superarem os 244 mil milhões de euros. 

Piscar de olho aos investidores
Para ajudar a conquistar investidores, a Arábia Saudita pretende aligeirar a concessão de crédito para os particulares irem ao IPO. Tendo o supervisor do mercado de capitais, que aprovou a oferta este domingo, abriu uma exceção para a compra de ações por parte de institucionais estrangeiros não residentes.

Por outro lado, pretendendo dar conforto aos seus investidores, a Aramco diz que os pagamentos que tem de fazer ao Reino vão diminuir. A partir de 1 de janeiro de 2020, vai ser adotado um esquema de comissões origressivo, com uma margem fixada em 15% por cada barril a 70 dólares, 45% se o barril estiver entre 70 e 100 dólares, e 80% se os preços subirem mais. 

A empresa reafirmou a intenção de pagar dividendos de pelo menos 75 mil milhões de dólares em 2020. Mas, conforme escreve a Reuters, a uma avaliação de 1,5 biliões, significaria um "dividend yield" de 5%, abaixo do oferecido pela rival Shell, que tem um "yield" de 6%.

A oferta está a ser trabalhada por mais de 20 bancos, incluindo Citigroup, Credit Suisse, Goldman Sachs, HSBC, JPMorgan, Bank of America Merrill Lynch, Morgan Stanley, NCB Capital e Samba Capital & Investment.
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