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PME estão a “dar mais importância” ao salário emocional

As componentes de bem-estar continuam a enraizar-se nas relações laborais, mas o trabalho totalmente remoto está a deixar de ser privilegiado pelas empresas. O Porto recebe a maior conferência sobre felicidade corporativa da Europa.

17 de Setembro de 2024 às 09:12
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A cidade do Porto recebe nesta terça-feira a 3ª edição do Happiness Camp, um evento que visa inspirar empresas e colaboradores a explorar o poder da felicidade no local de trabalho. A decorrer na Alfândega do Porto, estima juntar 15 mil pessoas de mais de 50 nacionalidades, para debater políticas de sustentabilidade humana, ou felicidade corportiva.

"Todas as políticas que envolvem a sustentabilidade humana são 360, portanto, são transversais a todos os departamentos das empresas. Isto evidentemente tem impacto na produtividade dos colaboradores e, por consequência, na rentabilidade da empresa", refere António Pedro Pinto, presidente da Associação Happiness Camp, promotora do evento que a organização diz ser a maior conferência sobre felicidade corporativa da Europa.

Tendo em conta que trabalhadores mais felizes tiram, em média, menos de 15 dias de licença por doença por ano, aumentam a produtividade em 35% e a inovação em 22%, "isto são tudo indicadores que, no fim, têm um impacto positivo no balanço da empresa", acrescenta António Pedro Pinto.

O tema tem suscitado o interesse das empresas, tendo em conta o aumento de participação das mesmas neste encontro. Na primeira edição estiveram presentes duas mil pessoas, na terceira sete mil e na edição de 2024 são esperados 15 mil participantes. "O facto de cada vez mais termos um aumento no número de participantes significa que cada vez mais as empresas dão importância a este tema", salienta o presidente da Associação Happiness Camp, acrescentando que o perfil de participantes também tem mudado. "No início eram maioritariamente grandes empresas multinacionais com mais de mil colaboradores, mas cada vez mais temos PME, o que significa que as pequenas e médias empresas também estão a perceber e a dar mais importância a esta temática do salário emocional", refere.

Na sua perspetiva "o facto de termos cada vez mais multinacionais a instalarem-se em Portugal, que trazem esta infraestrutura do salário emocional já montado, significa que as empresas portuguesas têm que dar um bocadinho à perna, senão ficam para trás no que toca à atração e a retenção de talento".

Relativamente à realidade portuguesa, António Pedro Pinto referiu ao Negócios que Portugal é um país que "ainda está um bocadinho atrás" nas questões da sustentabilidade humana, por questões de contexto histórico e económico. "Herdámos uma série de questões, como hierarquias mais rígidas ou uma maior relutância dos colaboradores a questionarem as suas lideranças. E depois a questão económica vulnerável do nosso país faz com que exista uma maior pressão nas lideranças para apresentar resultados. Isto significa que elas acabam por adotar modelos de gestão um bocadinho mais tóxicos, como é o caso da microgestão".

Portanto, "nós podermos criar esta plataforma que oferece os recursos necessários para estas empresas portuguesas começarem a trabalhar e a investir nestes departamentos e nestas políticas é muito importante para darmos uma volta e começarmos um novo capítulo", nomeadamente, para "travar alguma emigração jovem", salienta.

O Happiness Camp conta com um programa que combina palestras de especialistas nacionais e internacionais, experiências interativas e momentos de lazer, permitindo aos participantes encontrar e partilhar novas abordagens para aumentar o bem-estar no trabalho.

O evento conta com a participação de Lori George, ex-diretora Mundial de Diversidade, Equidade e Inclusão na Coca-Cola, Jen Fisher, diretora de Sustentabilidade Humana da Deloitte, Nahal Yousefian, vice-presidente de Recursos Humanos da Netflix, Zaheer Ahmad, membro do Conselho de Diversidade e Inclusão da Toyota Motors, entre outros.

Em discussão está também a questão relativa ao trabalho presencial, híbrido ou remoto, tendo este último crescido substancialmente após a pandemia, mas está a ganhar cada vez mais críticos. "É verdade que uma empresa que anuncia um trabalho totalmente remoto tem uma maior atração de talento, as percentagens disparam, mas depois dispara também a redução na retenção do talento. Para além de não haver integração no espírito da equipa, não bebem da cultura organizacional", salienta Pedro Pinto, exemplificando que empresas, como a Microsoft, estão a recuar na solução totalmente remota para adorarem o trabalho híbrido.

 

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