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Ford engrossa lista de empresas que estão a recuar nas políticas de diversidade e inclusão nos EUA

Várias empresas norte-americanas, incluindo a JPMorgan Chase, Harley Davidson e a Lowe's, modificaram recentemente as suas políticas de DEI, por pressão dos conservadores.

29 de Agosto de 2024 às 11:02
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A Ford Motor anunciou que vai alterar o seu programa de diversidade, equidade e inclusão (DEI), incluindo o fim da participação num sistema de classificação de um grupo de defesa da comunidade LGBTQ, juntando-se a várias empresas norte-americanas que redefiniram esses programas devido à pressão de grupos conservadores.

"Estamos conscientes de que os nossos empregados e clientes têm um vasto leque de convicções e que o ambiente externo e legal relacionado com questões políticas e sociais continua a evoluir", afirmou o CEO da Ford, Jim Farley, numa nota enviada aos funcionários, à qual a Reuters teve acesso.

Várias empresas norte-americanas, incluindo a JPMorgan Chase, a Harley Davidson e a Lowe's modificaram recentemente as suas políticas de DEI no mesmo sentido.

Recorde-se que as empresas nos EUA intensificaram o foco nas iniciativas de diversidade após protestos generalizados contra as disparidades raciais e de género na liderança, na sequência dos assassinatos de George Floyd e de outros negros americanos pela polícia em 2020.

No entanto, ultimamente, algumas empresas têm recuado nesta estratégia, alterando os programas DEI destinados a aumentar a representação racial e étnica nos locais de trabalho em resposta à pressão de organizações jurídicas conservadoras.

Algumas empresas receberam cartas públicas dos acionistas desde 2021, afirmando que os seus programas DEI constituem discriminação ilegal e uma violação dos deveres dos administradores para com os investidores, refere a Reuters.

Agora, Farley refere no memorando que a empresa se irá concentrar em cuidar dos funcionários e clientes "em vez de comentar publicamente questões polarizadoras".

Os defensores de uma maior diversidade alegam que a oposição ao DEI ameaça o progresso de grupos sub-representados nas corporações, especialmente em cargos de liderança. A presidente da Human Rights Campaign, uma das maiores organizações de defesa dos direitos humanos dos EUA, já veio reagir num comunicado divulgado nesta quarta-feira.

Kelley Robinson referiu que a decisão da Ford representa "um abandono do seu compromisso para com centenas de milhares de trabalhadores ao sinalizar que a inclusão e outros valores fundamentais deixaram de ser uma prioridade no local de trabalho".

Salientando o impacto comercial desta reorientação, Robinson afirma ser uma "decisão míope que irá prejudicar o sucesso comercial da empresa a longo prazo, desde a retenção dos trabalhadores até às decisões dos consumidores sobre a forma como gastam o seu dinheiro".

Recorde-se que o ex-presidente Donald Trump, atual candidato republicano à presidência dos EUA, tem criticado fortemente as iniciativas de DEI nas empresas.

 

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