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O clima social, em particular nos Estados Unidos, representa para a esmagadora maioria dos conselhos de administração norte-americanos um risco acrescido na tomada de posições públicas sobre assuntos sociais. As conclusões são do estudo "What Directors Think", que auscultou mais de 200 empresas norte-americanas cotadas e aponta que 85% dos inquiridos consideram que falar sobre questões sociais representa um risco acrescido para a perda de clientes.
Segundo a pesquisa – publicada pelo Corporate Board Member, Diligent Institute e FTI Consulting -, 84% dos participantes relataram que o seu CEO se absteve de partilhar publicamente uma opinião que poderia ser percebida como divisiva, um valor que compara com 64% no inquérito de 2017. "Olhando para 2024, a crescente polarização do eleitorado norte-americano, associado a uma retórica intensa e ataques de ativistas contra as empresas, criou uma corda bamba para os CEO e executivos que ponderam quando, onde e como devem falar ou agir sobre grandes questões sociais", lê-se no relatório.
Estes dados surgem numa altura em que, num cenário pós-eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, várias multinacionais têm recuado nos temas de inclusão, diversidade e equidade (DEI, na sigla em inglês). A retórica política tem pressionado as empresas a rever as suas políticas – na semana passada, a Google juntou-se à lista que inclui nomes como McDonalds, Target, Deloitte ou Disney.
"Houve uma mudança contínua nos últimos anos, de CEOs mais vocais para menos francos em questões consideradas controversas. À medida que os líderes corporativos tentam antecipar-se e mitigar potenciais riscos reputacionais, devem refletir sobre como dar vida ao seu propósito e valores corporativos de formas credíveis, defensáveis e autênticas", acrescenta o estudo.
Apenas 18% consideram que os conselhos de administração devem incentivar os seus executivos a falarem publicamente para reforçar os valores defendidos pelas suas empresas, o que, escrevem os autores, "demonstra o risco percebido de tomar uma posição".
Neste sentido, os resultados do inquérito são claros: é importante controlar o que é dito publicamente em nome das empresas. Esta é, de resto, a opinião de mais de 60% dos participantes aponta para que os executivos devem consultar o conselho de administração antes de fazerem declarações que possam ser, eventualmente, divisivas.
Outro dado destacado neste estudo prende-se com o compromisso que as empresas dizem ter com os temas ligados à sustentabilidade, com apenas 11% a indicar que o desenvolvimento ou a implementação da estratégia é uma prioridade máxima.