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Paridade entre homens e mulheres está a cinco gerações de distância

Novo relatório do Fórum Económico Mundial mostra que, ao ritmo atual, só em 2158 os géneros serão tratados equitativamente a nível global. Islândia é o país com maior paridade. Representação feminina nos campos STEM e na IA permanece baixa.

12 de Junho de 2024 às 11:05
Toby Melville/Reuters
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O mundo colmatou 68,5% das disparidades entre os géneros. No entanto, ao ritmo atual, serão necessários mais 134 anos - o equivalente a cinco gerações - para alcançar a plena paridade de género, revela o novo Relatório Global sobre as Disparidades entre os Géneros 2024, publicado pelo Fórum Económico Mundial (FEM).

A nível mundial, a diferença entre os géneros diminuiu 0,1 pontos percentuais desde o ano passado. "Apesar de alguns pontos positivos, os ganhos lentos e incrementais destacados no Relatório sobre a Disparidade Global entre os Géneros deste ano sublinham a necessidade urgente de um compromisso global renovado para alcançar a paridade entre os géneros, especialmente nas esferas económica e política", afirma Saadia Zahidi, diretora-geral do FEM. "Não podemos esperar até 2158 para alcançar a paridade. O momento para uma ação decisiva é agora".

O relatório indica que os cargos de topo na política e na indústria continuam, em grande medida, inacessíveis às mulheres a nível mundial, embora a representação das mulheres na esfera política a nível regional e local tenha aumentado. Com mais de 60 eleições nacionais em 2024 e a maior população mundial da história a votar, esta representação poderá melhorar, sublinha o FEM.

Embora metade das economias incluídas no relatório tenha feito progressos incrementais, continuam a existir disparidades significativas. A ligeira redução da disparidade global entre homens e mulheres em 2024 é impulsionada por mudanças positivas no subíndice de participação económica e oportunidades (+0,6 pontos percentuais), enquanto o empoderamento político e a saúde e sobrevivência avançaram ligeiramente e o nível de escolaridade registou uma pequena diminuição.

Europa lidera na paridade

A Europa continua a liderar, com uma taxa de paridade de género de 75% e com sete das 10 primeiras posições ocupadas por países desta região. A Islândia continua a ser o país mais equitativo em termos de género, tendo eliminado 93,5% das disparidades entre homens e mulheres. Entre os outros países com melhores resultados contam-se a Finlândia, a Noruega, a Suécia, a Alemanha e a Irlanda, tendo todos eles eliminado mais de 80% das respetivas disparidades entre homens e mulheres. A pontuação global da Europa em termos de paridade melhorou 6,2 pontos percentuais desde 2006.

A América do Norte ocupa o segundo lugar com uma pontuação de paridade de género de 74,8%, tendo avançado globalmente 4,3 pontos percentuais desde 2006. A região apresenta um forte desempenho em termos de habilitações literárias e saúde, com pontuações de 100% e 96,9%, respetivamente. A participação económica continua elevada, com 76,3%, embora as disparidades no rendimento do trabalho e a sub-representação em cargos de liderança tenham resultado num ligeiro declínio.

A região da América Latina e das Caraíbas ocupa o terceiro lugar, com uma pontuação de 74,2%. Desde 2006, registaram-se "progressos significativos", com uma melhoria global de 8,3 pontos percentuais, a maior melhoria de todas as regiões. A região também registou "melhorias encorajadoras" na participação da força de trabalho, com as mulheres a terem um elevado nível de representação em funções profissionais e técnicas, atingindo a paridade total em 68% da região.

Os restantes lugares do ranking são ocupados pela Ásia Oriental e Pacífico (69,2%), Ásia Central (69,1%), África Subsaariana (68,4%), Sul da Ásia (63,7%), Médio Oriente e Norte de África (61,7%).

 

Disparidades de género nas áreas STEM e na IA

Ao nível da indústria, a representação da força de trabalho das mulheres permanece abaixo da dos homens em quase todas as indústrias e economias, com as mulheres a representarem 42% da força de trabalho global e 31,7% dos líderes seniores. Outros fatores, como as disparidades de género nas redes profissionais e as responsabilidades de cuidados, estão a atrasar o progresso económico das mulheres, indica o FEM. Porém, estimativas indicam que a redução das disparidades de género no emprego e no empreendedorismo poderia aumentar o PIB mundial em mais de 20%.

Uma evolução positiva é o facto de a concentração de mulheres na engenharia de inteligência artificial (IA) ter mais do que duplicado desde 2016, o que indica alguns progressos neste domínio. No entanto, a disparidade de género nas áreas STEM (sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e nos talentos de IA continua a ser um desafio significativo.

As mulheres representam 29% das funções STEM de nível de entrada e apenas 12,2% dos cargos de direção. A paridade de género nas competências online, conforme capturado pelos dados do Coursera, é atualmente demasiado baixa em cursos de IA e big data (30%), programação (31%) e redes e cibersegurança (31%) para colmatar as lacunas existentes na força de trabalho.

O FEM conclui que os governos e as empresas têm de mudar os recursos e as mentalidades para abraçar a paridade de género como essencial para o crescimento sustentável. "Só através da colaboração e de intervenções direcionadas será possível alcançar um mundo 50/50", assinal o FEM.

O Fórum Económico Mundial está a mobilizar uma coligação para a ação no seu Programa Global para a Paridade de Género até 2030 e convida os setores público e privado a juntarem-se de forma a alinharem a tendência para a paridade.

 

 

 

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