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Prioridade é construir cidades sustentáveis

A transformação digital e a capacidade tecnológica são instrumentais para a construção de cidades que, mais do que inteligentes, têm de ser sustentáveis.

14 de Outubro de 2020 às 16:00
Miguel Castro Neto diz que as cidades com maior maturidade em termos de inteligência humana foram capazes de dar uma resposta mais assertiva durante a pandemia. Mariline Alves
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As cidades são espaços de oportunidades, é onde se gera riqueza, se partilha conhecimento, existe polos de criatividade. Neste reduzido espaço físico, as cidades representam menos de 2% da superfície da Terra, vive atualmente 50% da população mundial e cria 80% da riqueza global, diz Miguel de Castro Neto, subdiretor da Nova Information Management School.

Em 2050, 70% da população mundial viverá nas cidades, que já hoje produzem 50% dos resíduos globais, consomem 75% da energia mundial e 80% das cidades emitem mais de 80% do total de emissões de CO2. "Temos grandes desafios para manter a dita qualidade de vida de quem vive, visita ou trabalha numa cidade ou uma vila através de uma gestão eficiente de serviços e de infraestruturas, e, ao mesmo tempo, tomar medidas ativas para responder a esta emergência climática", disse Miguel de Castro Neto.

Na sua opinião, é um desafio que extravasa o espaço nacional. É global, passa sobretudo pela tecnologia e pela capacidade de as cidades se tornarem inteligentes, se capacitarem tecnologicamente, para poderem tirar partido da tecnologia e dos dados que são gerados pelos sistemas, os sensores e as pessoas, para alterar o paradigma de gestão e planeamento das cidades.

"Não apenas de uma forma reativa, mas de forma ativa para antecipar necessidades e adaptar os serviços da cidade às reais necessidades do cidadão e promover uma utilização mais eficiente dos recursos respondendo assim ao imenso desafio climático que nós vivemos", afirma Miguel de Castro Neto.

Estratégias sustentáveis

Sublinhou que a transformação digital e a capacidade tecnológica são instrumentais para a construção de cidades que, mais do que inteligentes, têm de ser cidades sustentáveis. "Primeiro havia as estratégias digitais, a partir de certa altura todas as estratégias têm de incorporar o digital, e é o que está a acontecer com a sustentabilidade", frisou Miguel Eiras Antunes, partner da Deloitte.

Miguel de Castro Neto esclareceu que o objetivo n.º 11, "cidades e comunidades sustentáveis", segundo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis das Nações Unidas, adiciona outras três dimensões à sustentabilidade: "A inclusão para garantir que as soluções que construímos são para todos, garantimos a segurança, a resiliência, e a capacidade para respondermos a emergências e a situações inesperadas. Quando foram pensados estes desafios não se imaginava a atual situação de pandemia em que vivemos, mas de facto fomos confrontados com uma realidade que colocou os governos locais, as cidades e as vilas de todo o mundo a ter de responder a perguntas e a resolver problemas que não antecipávamos", salientou Miguel de Castro Neto.

Segundo o professor da Nova Information Management School, "as cidades com maior maturidade em termos de inteligência urbana foram capazes de dar respostas mais assertivas e mais exatas onde fazer e como fazer e a quem responder. A capacidade decorrente de cidades mais inteligentes foi um fator crítico tanto, mais que foram os governos locais, os autarcas que estiveram na linha da frente deste combate".

"A pandemia levou-nos a olhar para cidades vazias, fomos confinados e com este confinamento deparamo-nos com cidades sem automóveis, o ruído reduziu-se substancialmente, a qualidade do ar melhorou e percebemos que nós próprios viveríamos muito melhor nestes espaços urbanos se, objetivamente, déssemos esse enorme passo que é construir cidades sustentáveis e promover a descarbonização que todos ambicionamos", concluiu Miguel de Castro Neto.
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