As buzinas de impaciência e estradas largas de Pontevedra deram lugar a um ambiente mais tranquilo, com muitas zonas pedonais e limites de velocidade que não vão além dos 30 quilómetros por hora. "Quisemos deixar 75% do espaço para as pessoas e 25% para os carros. Antes, as crianças não podiam sair à rua sem perigo e os carrinhos de bebé não passavam", recordou, esta quarta-feira, Miguel Anxo Fernández Lores.
O alcalde de Pontevedra esteve na Católica Porto Business School, a propósito da segunda conferência de sustentabilidade do Jornal de Negócios, para partilhar o caminho percorrido pela cidade espanhola. "Entravam três vezes mais carros por quilómetro quadrado do que no centro de Madrid", comparou o líder em conversa com Carlos Marçalo, Diretor de Conteúdos e Projetos Especiais da Medialivre.
Médico de formação, Fernández Lores olha para o cargo político que ocupa desde 1999 como uma "continuação" da carreira na medicina – hoje, em vez de cuidar de doentes, cuida da cidade e dos seus habitantes.
Questionado sobre o desafio de convencer os residentes a aceitar restrições à circulação de automóveis e à redução das velocidades máximas permitidas na cidade, o autarca assinala que "as decisões foram compreendidas pelas pessoas", que reconheceram "as mudanças feitas" como positivas para a sua qualidade de vida.
Em Portugal, os presidentes de câmara estão limitados a três mandatos consecutivos, ou seja, 12 anos de governação. Para Miguel Anxo Fernández Lores, é tempo suficiente para "assentar-se as bases para fazer a mudança", mas é preciso juntar "alguma coragem política" para arriscar e ter confiança na estratégia delineada. "Chega a um momento em que não podemos ter a concordância de todos. Executamos os mandatos e temos de cumprir o que prometemos", rematou.