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Só 4% das maiores empresas do mundo cumprem critérios de neutralidade carbónica da ONU

Novo relatório da Net Zero Tracker indica também que um terço das maiores empresas cotadas em bolsa ainda não estabeleceu metas para a redução de emissões de gases com efeito de estufa.

06 de Novembro de 2023 às 22:00
Filipe Duarte Santos compara o planeta a uma piscina e as emissões a uma torneira completamente aberta.
Vitor Mota
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Metade das maiores empresas listadas do mundo estabeleceram como meta chegar à neutralidade carbónica em 2050, mas apenas uma fração (4%) está a corresponder às diretrizes estabelecidas pelas Nações Unidas, em 2022, no âmbito da campanha Race to Zero, ou seja, definiram uma meta específica de emissões líquidas zero e a cobertura de todos os gases com efeito de estufa (GEE) em todos os âmbitos de emissões das empresas, conclui a Net Zero Tracker, um consórcio de dados independente, num novo relatório divulgado nesta segunda-feira.

O relatório indica que metade das maiores empresas mundiais cotadas (1003 num universo de 2000, segundo o Index Forbes 2000) estão empenhadas em atingir neutralidade carbónica. Porém, um terço ainda não fixou qualquer tipo de objetivo de redução das emissões. Ainda assim, o número de metas de neutralidade carbónica das empresas aumentou mais de 40% em 16 meses - de 702 em junho de 2022 para 1003 em outubro de 2023.

"Inúmeros objetivos de zero emissões líquidas são pouco credíveis, mas agora podemos afirmar com certeza que a maioria das maiores empresas do mundo passou para o lado direito da linha no que respeita às intenções de zero emissões líquidas", declara John Lang, líder do Net Zero Tracker.

O relatório indica também que 66% das receitas anuais das 2000 maiores empresas do mundo estão agora abrangidas por objetivos de emissões líquidas nulas.

Apesar do progresso contínuo na quantidade de metas corporativas, o Net Zero Tracker adverte que a integridade das metas de mitigação das empresas deve melhorar urgentemente para que sejam alcançadas de acordo com as metas do Acordo de Paris. Recorde-se que o último Net Zero Stocktake, publicado em junho de 2023, mostrou que apenas 37% das metas corporativas de neutralidade carbónica cobrem totalmente as emissões do Âmbito 3, ou seja, apura as emissões da cadeia de valor da empresa.

"Com a proximidade da cimeira sobre o clima, COP28, as empresas não devem ter dúvidas sobre o que é um bom net zero. As diretrizes do Grupo de Peritos das Nações Unidas tornaram-se a bitola pela qual os compromissos são medidos", referiu Camilla Hyslop, líder de dados da Universidade de Oxford, universidade que integra o Net Zero Tracker. E acrescenta que "é agora mais claro do que nunca quais as empresas que estão a tentar obter crédito com promessas fracas".

O Net Zero Tracker lançará a sua sétima análise das promessas globais de emissões líquidas nulas na COP28, no Dubai, daqui a pouco menos de um mês. A análise mostrará o nível de alinhamento das 4.000 maiores entidades do mundo com a orientação da ONU, incluindo se os compromissos estão alinhados com os caminhos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) )e da Agência Internacional de Energia.

 

 

 

 

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