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Metade das maiores empresas listadas do mundo estabeleceram como meta chegar à neutralidade carbónica em 2050, mas apenas uma fração (4%) está a corresponder às diretrizes estabelecidas pelas Nações Unidas, em 2022, no âmbito da campanha Race to Zero, ou seja, definiram uma meta específica de emissões líquidas zero e a cobertura de todos os gases com efeito de estufa (GEE) em todos os âmbitos de emissões das empresas, conclui a Net Zero Tracker, um consórcio de dados independente, num novo relatório divulgado nesta segunda-feira.
O relatório indica que metade das maiores empresas mundiais cotadas (1003 num universo de 2000, segundo o Index Forbes 2000) estão empenhadas em atingir neutralidade carbónica. Porém, um terço ainda não fixou qualquer tipo de objetivo de redução das emissões. Ainda assim, o número de metas de neutralidade carbónica das empresas aumentou mais de 40% em 16 meses - de 702 em junho de 2022 para 1003 em outubro de 2023.
"Inúmeros objetivos de zero emissões líquidas são pouco credíveis, mas agora podemos afirmar com certeza que a maioria das maiores empresas do mundo passou para o lado direito da linha no que respeita às intenções de zero emissões líquidas", declara John Lang, líder do Net Zero Tracker.
O relatório indica também que 66% das receitas anuais das 2000 maiores empresas do mundo estão agora abrangidas por objetivos de emissões líquidas nulas.
Apesar do progresso contínuo na quantidade de metas corporativas, o Net Zero Tracker adverte que a integridade das metas de mitigação das empresas deve melhorar urgentemente para que sejam alcançadas de acordo com as metas do Acordo de Paris. Recorde-se que o último Net Zero Stocktake, publicado em junho de 2023, mostrou que apenas 37% das metas corporativas de neutralidade carbónica cobrem totalmente as emissões do Âmbito 3, ou seja, apura as emissões da cadeia de valor da empresa.
"Com a proximidade da cimeira sobre o clima, COP28, as empresas não devem ter dúvidas sobre o que é um bom net zero. As diretrizes do Grupo de Peritos das Nações Unidas tornaram-se a bitola pela qual os compromissos são medidos", referiu Camilla Hyslop, líder de dados da Universidade de Oxford, universidade que integra o Net Zero Tracker. E acrescenta que "é agora mais claro do que nunca quais as empresas que estão a tentar obter crédito com promessas fracas".
O Net Zero Tracker lançará a sua sétima análise das promessas globais de emissões líquidas nulas na COP28, no Dubai, daqui a pouco menos de um mês. A análise mostrará o nível de alinhamento das 4.000 maiores entidades do mundo com a orientação da ONU, incluindo se os compromissos estão alinhados com os caminhos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) )e da Agência Internacional de Energia.