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Transição verde necessita de quatro a seis vezes mais de matérias-primas críticas

OCDE destaca que países estão cada vez mais expostos ao uso de restrições à exportação de matérias-primas críticas, como lítio, cobalto ou titânio. Portugal aparece no top 3 para a produção de lítio, juntamente com a Austrália e o Chile.

13 de Abril de 2023 às 09:04
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Embora a produção e o comércio da maioria das matérias-primas críticas tenham aumentado nos últimos dez anos, o crescimento não está a acompanhar a procura projetada dos metais e minerais necessários para transformar a economia global dominada pelos combustíveis fósseis para uma economia baseada em energias renováveis, revela uma nova análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O lítio, elementos de terras raras, crómio, arsénio, cobalto, titânio, selénio e magnésio registaram as maiores expansões do volume de produção - variando entre 33% para o magnésio e 208% para o lítio - na última década, mas ainda assim a situação fica muito aquém do aumento de quatro a seis vezes na procura projetada para a transição verde.

Ao mesmo tempo, a produção global de algumas matérias-primas críticas, tais como chumbo, grafite natural, zinco, minérios de metais preciosos e concentrados, bem como estanho, diminuiu ao longo da última década.

Assim, no documento sobre as Matérias-primas para a Transição Verde: Produção, Comércio Internacional e Restrições à Exportação, a OCDE indica que é necessário "um aumento significativo tanto da produção como do comércio internacional de matérias-primas críticas para satisfazer a procura projetada para a transição verde e atingir os objetivos globais de zero emissões de CO2".

A análise mostra que o preço de muitos materiais - incluindo alumínio e cobre - atingiram níveis recorde, impulsionados pelas repercussões da pandemia da COVID-19, pelas tensões comerciais e pelas consequências contínuas da guerra na Ucrânia.

"O desafio de alcançar emissões líquidas de CO2 exigirá um aumento significativo da produção e comércio internacional de matérias-primas críticas", sublinha o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann. "Os decisores políticos devem examinar atentamente a forma como a concentração da produção e do comércio, juntamente com a crescente utilização de restrições à exportação, estão a afetar os mercados internacionais de matérias-primas críticas. Devemos assegurar que as insuficiências de materiais não nos impeçam de cumprir os nossos compromissos em matéria de alterações climáticas", acrescenta em comunicado.

A produção de matérias-primas críticas está a ficar mais concentrada em países, com a China, Rússia, Austrália, África do Sul e Zimbabué entre os principais produtores e detentores de reservas. Apesar disso, revela a OCDE, o comércio destes materiais permanece "relativamente bem diversificado".

Isto sugere que a possibilidade de perturbação significativa da transição verde global por perturbações nos fluxos de importação ou exportação de matérias-primas críticas é limitada. Contudo, as concentrações de exportações e importações são significativas em alguns casos específicos, nomeadamente em segmentos a montante das cadeias de abastecimento de algumas matérias-primas críticas, incluindo lítio, boratos, cobalto, metais preciosos coloidais, manganês e magnésio.

Portugal aparece no top 3 para a produção de lítio, juntamente com o Chile e a Austrália, que concentra mais de 80% da disponibilidade deste material. África do Sul, China e República do Congo aparecem como as grandes fontes das 10 principais matérias-primas críticas necessárias à transição verde.

As restrições à exportação de matérias-primas críticas aumentaram cinco vezes desde que a OCDE começou a recolher dados em 2009, com 10% das exportações globais de matérias-primas críticas a enfrentarem agora pelo menos uma medida de restrição à exportação.

A China, Índia, Argentina, Rússia, Vietname e Cazaquistão emitiram as mais recentes restrições à exportação durante o período de 2009 a 2020 para matérias-primas críticas, e são também responsáveis pelas maiores percentagens de dependências de importação dos países da OCDE.

A OCDE considera que a tendência para o aumento das restrições à exportação pode estar a desempenhar um papel nos principais mercados internacionais, com efeitos potencialmente consideráveis tanto na disponibilidade como nos preços destes materiais.

 

 

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