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A Google estabeleceu um acordo para a compra de créditos de remoção de carbono do fornecedor de captura direta de ar (DAC, na sigla em inglês), Holocene, ao preço mais baixo de que há registo para esta tecnologia: 100 dólares por tonelada, para entrega no início da década de 2030.
"Estamos empenhados em fazer a nossa parte para descarbonizar a economia global e atingir o nosso objetivo de zero emissões líquidas em todas as nossas operações. As tecnologias de remoção de carbono são fundamentais para esse objetivo", refere Randy Spock, responsável pelos Créditos e Remoções de Carbono da Google, em comunicado.
A parceria com a Holocene para atingir este preço de referência "será um passo significativo para promover a viabilidade do DAC como uma ferramenta para combater as alterações climáticas", acrescenta.
A DAC é uma "tecnologia promissora" porque utiliza processos químicos ou físicos para extrair dióxido de carbono (CO2) diretamente do ar, após o que é armazenado permanentemente no subsolo ou reutilizado em produtos. "Os especialistas concordam que teremos de remover coletivamente milhares de milhões de toneladas de CO2 da atmosfera por ano até 2050 para travar as alterações climáticas, e a DAC poderá ser uma parte importante da solução", destaca Randy Spock.
Mas a captura direta de ar enfrenta um longo caminho para atingir a viabilidade e a escala comercial. Atualmente, nenhuma fábrica de DAC está a produzir mais de 2.000 toneladas de créditos de remoção de carbono por ano, destaca a Google.
"Embora a tecnologia esteja a melhorar, os preços continuam a ser de muitas centenas de dólares por tonelada de CO2 removido. Para que mais empresas e governos invistam em projetos de DAC, os custos têm de baixar drasticamente", defende Spock.
A parceria da Google com a Holocene tem como objetivo abordar uma das principais barreiras que as tecnologias DAC enfrentam: o preço elevado. Mas Randy Spock acredita que "embora a tecnologia da Holocene ainda se encontre nas fases iniciais de desenvolvimento, tem potencial para reduzir significativamente os custos ao longo do tempo".
A Google adianta que alguns fatores contribuíram para que o negócio com a Holocene atingisse um preço substancialmente mais baixo do que os negócios típicos de DAC. Nomeadamente a "abordagem inovadora" da empresa, combinando elementos de sistemas líquidos e sólidos, o que "tem um elevado potencial para reduzir os custos deste difícil desafio físico a longo prazo".
Além disso, a Google fornecerá apoio financeiro inicial, assumindo simultaneamente um compromisso a longo prazo de aceitar créditos das instalações de baixo custo da Holocene, cuja entrega está prevista para o início da década de 2030.
Por fim, os projetos da Holocene qualificam-se para o crédito fiscal 45Q do governo dos EUA, para além do pagamento da Google, que incentiva o investimento em DAC ao fornecer aos fornecedores 180 dólares por tonelada de carbono removida.
A base da tecnologia da Holocene é a sua química. A empresa utiliza aminoácidos e outros compostos orgânicos para capturar continuamente CO2 do ar. Uma vez capturado, o CO2 é concentrado e aquecido a baixas temperaturas para criar um fluxo puro de CO2 que pode ser transportado e armazenado permanentemente.
Com este acordo, a Holocene irá capturar e armazenar 100 mil toneladas de CO2 até ao início da década de 2030 (o equivalente a cerca de 20 mil veículos a gás conduzidos num ano) e acelerar o desenvolvimento da sua tecnologia.
"Embora isto seja significativamente mais CO2 do que o que foi removido e armazenado pelas soluções DAC até à data, não está nem perto do volume de remoção de carbono que é necessário à escala planetária. Mas conseguir um DAC de baixo custo a uma pequena escala é um primeiro passo para dar ao mercado de remoção de carbono a confiança de que é possível atingir milhões, e mesmo milhares de milhões, de toneladas por ano", finaliza Randy Spock.