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Mercado mundial de remoção de CO2 poderá atingir 100 mil milhões de dólares por ano

Eliminar obstáculos à oferta e à procura visto como necessário para multiplicar por dez a atual trajetória, revela um novo relatório global.

01 de Julho de 2024 às 12:17
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O mercado global de remoção de dióxido de carbono (CDR, na sigla em inglês) pode atingir até 100 mil milhões de dólares por ano, entre 2030 e 2035, se forem eliminados os obstáculos ao seu desenvolvimento. Sem uma intervenção específica, o mercado de CDR poderá atingir apenas 10% da sua potencial dimensão, conclui a consultora global Oliver Wyman, num relatório realizado cem parceria com a City of London Corporation e o Fórum dos Mercados de Carbono do Reino Unido.

Os projetos CDR visam remover e armazenar de forma duradoura o dióxido de carbono da atmosfera. Estes projetos estão a suscitar o interesse de compradores empresariais, investidores e promotores de projetos devido ao seu potencial para fazer face a emissões de gases com efeito de estufa (GEE) difíceis de eliminar.

As autoridades climáticas sublinham a necessidade de aumentar substancialmente os projetos de CDR para limitar o aquecimento global, tendo já sido investidos mais de 30 mil milhões de dólares a nível mundial para antecipar este crescimento.

Segundo o relatório, atualmente, embora a procura de créditos CDR esteja a crescer, ainda não atinge a escala necessária para suportar o nível de investimento que está a ser feito em projetos de remoção de carbono subjacentes e está muito abaixo do nível que os especialistas dizem ser necessário para atingir a neutralidade carbónica.

A investigação destaca que existem desenvolvimentos promissores e desafios significativos que têm de ser resolvidos para que o mercado ganhe escala.

A nível mundial, foram investidos 32 mil milhões de dólares em projetos de CDR, dos quais cerca de 21 mil milhões em soluções de engenharia e 11 mil milhões em soluções baseadas na natureza, aponta a análise.

A despesa pública representa 15 mil milhões de dólares, enquanto os investidores privados, principalmente fundos de capital de risco e entidades empresariais, contribuem com 17 mil milhões de dólares. No entanto, a procura atual tem de aumentar 3 a 5 vezes para suportar o nível de investimento existente.

"Estamos a assistir a um aumento significativo da atenção e do investimento em projetos CDR, o que evidencia o reconhecimento crescente do seu papel na transição. No entanto, a procura de créditos de carbono gerados por estes projetos de remoção ainda não é suficiente para suportar os atuais níveis de investimento, quanto mais o nível necessário para cumprir os objetivos climáticos", sublinha James Davis, corresponsável pelo Clima e Sustentabilidade na Europa da Oliver Wyman.

O relatório identifica os principais obstáculos à procura de CDR, incluindo a falta de orientação sobre as remoções nos objetivos de descarbonização e a ausência de normas de qualidade universalmente acordadas.

Destaca também as principais ações que a indústria pode tomar, tais como articular o papel das remoções na estratégia de emissões líquidas nulas, fornecer orientações às empresas sobre o seu papel adequado, estabelecer limiares claros para a monitorização, verificação e comunicação de informações, incluir as remoções nos mercados de conformidade, detalhar os mecanismos de subsídio e apoio e apoiar o desenvolvimento do ecossistema do mercado financeiro de CDR.

O relatório também descreve as principais limitações do lado da oferta, como a incerteza quanto à futura procura de créditos CDR e a falta de clareza das políticas do setor público para dar escala aos projetos CDR. Existe também ambiguidade quanto à extensão das remoções nos planos de transição e quanto ao facto de os preços elevados poderem impedir a aquisição em grande escala.

 

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