Outros sites Medialivre
Notícia

Air New Zealand é a primeira grande companhia aérea a abandonar objetivo climático para 2030

Transportadoras enfrentam escassez de combustível mais ecológico para a aviação e dificuldades na aquisição de aviões mais recentes e sustentáveis.

01 de Agosto de 2024 às 09:41
A guerra fez disparar os preços do “jet fuel” para valores recorde.
Miguel Baltazar
  • Partilhar artigo
  • ...

A Air New Zealand é a primeira grande companhia aérea a abandonar o seu objetivo de reduzir as emissões de carbono até 2030. A empresa refere dificuldades na aquisição de novos aviões e de combustível de aviação sustentável.

A indústria como um todo tem como objetivo atingir emissões líquidas nulas até 2050. Mas em 2022 a Air New Zealand estabeleceu o objetivo de reduzir as suas emissões em quase 29% até 2030. A empresa afirmou que está agora a reajustar este valor para ser mais realista, tendo em conta a falta de opções de combustível sustentável e de novos aviões.

"Nos últimos meses, e sobretudo nas últimas semanas, tornou-se também evidente que os potenciais atrasos no nosso plano de renovação da frota representam um risco adicional para a concretização do objetivo", afirma o diretor executivo da companhia aérea, Greg Foran, segundo o The Guardian.

"É possível que a companhia aérea tenha de manter a sua frota atual durante mais tempo do que o previsto, devido a problemas globais de fabrico e da cadeia de abastecimento que poderão atrasar a introdução na frota de aeronaves mais recentes e mais eficientes em termos de consumo de combustível", acrescenta.

Teno em conta que a indústria da aviação é responsável por cerca de 2,5% das emissões globais, o setor pretende reduzir as suas emissões através de uma combinação de compensações, nomeadamente através da modernização dos seus aviões para que sejam mais eficientes em termos energéticos e da utilização de novos combustíveis de aviação sustentáveis.

Segundo a Bloomberg, a decisão da Air New Zealand Ltd. de abandonar o seu objetivo de emissões para 2030 sugere que mais companhias aéreas terão também de enfrentar a realidade de que não há combustível sustentável suficiente, nem aviões novos e mais eficientes.

Isto deixa as transportadoras comerciais mundiais sem as suas duas melhores armas de descarbonização. De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo, o fornecimento global de combustível de aviação sustentável será de apenas 0,5% do total de combustível necessário este ano.

A Bloomberg indica que, por exemplo, a produtora de aviões Airbus está sobrecarregada e a recusar encomendas. Assim, embora os aviões da próxima geração possam consumir menos 15% a 20% de combustível, o tempo de espera para a sua entrega é de vários anos.

Outras companhias aéreas com dificuldades em comprar combustível sustentável suficiente poderão ter de seguir o exemplo da Air New Zealand, disse Jack Shepherd, diretor de combustíveis sustentáveis da Blunomy, uma consultora australiana para a transição energética, à Bloomberg.

As consequências irão estender-se muito para além da próxima década. Se um maior número de companhias aéreas não cumprir os objetivos provisórios em matéria de emissões, os fornecedores de combustível terão ainda menos probabilidades de investir na produção de SAF, refere Shepherd. Na pior das hipóteses, o objetivo de neutralidade de carbono da aviação para meados do século também desaparecerá do seu alcance, afirmou. "Se não estivermos no bom caminho em 2030, o objetivo de 2050 será difícil de alcançar", afirmou.

 

 

Mais notícias