Opinião
A morte de um embaixador e o fim de um ideal
Foi um dia de ataques terroristas. Com múltiplos alvos. E com danos colaterais impossíveis de prever.
Na Alemanha parece que o atentado de Berlim é um duro revés para Angela Merkel: a radicalização nacionalista vai aumentar. Não admira que a "Der Spiegel", a propósito de um outro incidente, escreva: "o fim de um ideal". Em Ancara, a morte do embaixador russo será um teste à aproximação entre a Rússia e a Turquia. Peter Foster, no "Daily Telegraph" escreve: "Os ataques terroristas de Berlim deixam Angela Merkel isolada - com os seus inimigos da extrema-direita prontos a capitalizar". Está certo. A política de asilo aos emigrantes vai sofrer ainda mais pressões para ser travada. E as eleições aproximam-se. No "New York Times", Max Fisher analisa: "Nas redes sociais muitos traçaram paralelismos com o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand da Áustria, que ajudou a começar a I Guerra Mundial - uma comparação que analistas, e ainda bem, rejeitam. (…) Ambos os países estão a trabalhar para gerir a situação e enviaram sinais de cooperação. Parecem estar a alinhar as suas explicações do que aconteceu, apontando o dedo aos inimigos mútuos mas não um ao outro". Ou seja, por aí, a estratégia do assassinato do embaixador russo não colheu.
No turco "Hurriyet", Murat Yetkin lembra Andrey Karlov como um embaixador da velha escola, "um guerreiro da Guerra Fria", que foi uma das vozes calmas no momento mais crítico das relações russo-turcas, quando um caça russo foi abatido pela Turquia. E escreve: "O assassinato de Karlov não apenas aumentou o grau do terrorismo na Turquia mas terá consequências nas relações internacionais da Turquia e nos balanços políticos no Médio Oriente, especialmente se os responsáveis do assassinato não forem identificados - quanto mais cedo melhor - e isso for aceite pelos russos".
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