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17 de Fevereiro de 2017 às 00:01

Não é Marcelo, é Centeno

Uma história pouco edificante pode acabar em Galamba. E a história à volta da Caixa é, de facto, pouco edificante. Acontece que o porta-voz do PS tem autorização do primeiro-ministro para falar em nome do partido. Partido que governa o país com o apoio interessado e interesseiro da esquerda onde habita o lado Galamba da coisa. Com código postal na geringonça.

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João Galamba diz, disse, que "tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República português, ser, ‘ipsis verbis’, acusado exactamente da mesma coisa". Diz, também, que o comunicado do Presidente sobre o ministro "é inaceitável à luz dos poderes presidenciais". Diz outras coisas que abrem, se houver respeito e seriedade nas partes, um conflito institucional. Veremos.

Apanhado na rede, o deputado socialista diz que falou a título pessoal, não como porta-voz do partido do Governo. Ou seja, coabitam em Galamba dois lados, tal e qual como na geringonça – que elogia Centeno pelo défice ao mesmo tempo que o critica pelo mesmo défice. Sim, sabemos que Mariana Mortágua só quer fazer bem a quem mais precisa e, assim, há que distribuir antes de amealhar para pagar as dívidas. Perdendo-se credibilidade junto de quem detém e gere a nossa dívida.

Neste contexto, João Galamba merece alguma atenção. No fundo, aquilo que disse corresponde ao que a esquerda (onde navega parte do PS) pensa de Mário Centeno. E sempre pensou de Marcelo Rebelo de Sousa. A história da Caixa, envolvendo Centeno e Marcelo, anima a conspiração. Que está em curso e tem como alvo o ministro das Finanças.

Centeno nunca foi bem aceite na geringonça, e os elogios do Financial Times e do Washington Post só causam mais desconfiança. Tem um histórico algo desviante, é demasiado liberal para o gosto da maioria que o engole, cumpre compromissos internacionais, tal e qual os antecessores. Pior, tinha uma meta e foi "além da troika". Ai se fosse Gaspar…

E, além ou por isso, é reconhecido nos centros burgueses de decisão. Sim, na geringonça, persiste esse tique.

Por estas e outras razões percebem-se as exuberâncias de Galamba. Que podiam ser subscritas pela maioria das iras contra a Europa, o euro, a economia de mercado, a meritocracia, o risco e o retorno desse mesmo desafio.

E é por isso que, de uma forma pavloviana, Galamba tem um lado em que sublima todo o querer histórico da esquerda radical. Eles querem que Centeno saia. E como sabem que Costa ainda não pode prescindir do "mágico do défice" – elogiado lá fora –, apostam no desgaste do ministro.

Esta semana, na onda disruptiva da Caixa, Centeno deixou cair a ideia. Dizendo ter reiterado ao primeiro-ministro (o "reiterado" não é inocente) a disponibilidade para sair. A esquerda aposta na Primavera, num tempo em que já estaremos fora do défice excessivo. Até lá, a cama vai sendo feita. 

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