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Trasladação

O Governo angolano, pela voz do seu ministro da Economia, Abraão Gourgel, convidou as pequenas e médias empresas (PME) que estão em dificuldades em Portugal a fazerem a "trasladação" dos seus activos para Angola.

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O Governo angolano, pela voz do seu ministro da Economia, Abraão Gourgel, convidou as pequenas e médias empresas (PME) que estão em dificuldades em Portugal a fazerem a "trasladação" dos seus activos para Angola.

A palavra "trasladação", pouco comum na linguagem corrente, causou estranheza em que a escutou. Até porque "transladação", segundo o Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora significa, não só, "transferência", mas também "passagem dos restos mortais de um cadáver de uma sepultura para a outra".

Neste contexto, o que Abraão Gourgel sugeriu é apenas uma transferência geográfica do cadáver. Claro que a morte de uma empresa beneficia sempre alguém, nem que seja o comprador da massa falida, maquinaria por exemplo. Mas os ganhos terminam aí.

O que as PME nacionais devem fazer é, precisamente, evitar este fenómeno de "trasladação". Fugir de uma morte doméstica, para ir morrer longe nunca é solução.

É apenas um paliativo. Por isso, as PME devem recusar o convite de "trasladação" do ministro Abraão Gourgel. Se querem ir para Angola, façam um "check-up" financeiro, aliem-se para ganhar dimensão, mas não viajem a pensar que vão encontrar naquele país uma cura para a sua falta de competitividade. Se forem moribundas para Angola, é certo que vão morrer lá. E os activos que levarem, por lá ficarão, com outros donos.

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