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Sector que dá notícias

Na falta de notícias, a comunicação social entrou num processo quase esquizofrénico e há algum tempo que se vê obrigada a falar de si própria. O tema não é forçado. Nem sequer está empolado. A televisão que lidera audiências está a mudar de dono. E esta é

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Espanhol ou alemão, a TVI passa para mãos estrangeiras.

E no papel impresso? Relevantes estórias de persistência, como a conquista da Lusomundo por Joaquim Oliveira. E de desistência, como o fecho de «A Capital» e «O Comércio do Porto». Ou seja, a capitulação em Portugal da melhor imprensa regional que se faz em Espanha.

O tema não é forçado, pois não há outro sector da nossa economia que, nos últimos tempos (anos?) tenha vivido tanta mudança e em tão pouco tempo. É verdade que se fala muito de jornalismo e não é pelo que o sector representa no PIB.

Simplesmente pelo que representa na democracia. E na soberania. Esse poder está a mudar nas fábricas onde se produzem notícias e influência. Não é indiferente saber em que mãos para esse poder.

Durão Barroso, quando era primeiro-ministro e recebeu a delegação do «manifesto dos 40», da defesa dos centros de decisão nacionais, lamentou a «perda» do Diário Económico para os espanhóis.

Ricardo Salgado, enquanto a PT iniciava o processo de alienação da Lusomundo Serviços, fez questão de publicamente esclarecer que a «espanhóis jamais».

Entre um e outro, o ex-ministro Morais Sarmento articulava nos bastidores todos os esforços para garantir que o IPO da Media Capital fosse um sucesso. Mas, sobretudo, que os maiores compradores fossem portugueses.

Não valeu de muito, como se vê. O anúncio do acordo de direito de preferência da Prisa na anunciada saída de Miguel Paes do Amaral prova que um ministro, um primeiro-ministro, um Governo inteiro vale pouco em negócios privados.

Mas como esta realidade vai repetir-se, como outros grupos de media estrangeiros vão entrar em Portugal, o debate continuará.

Vitorino sublinhava-o esta semana na RTP: será legítimo, ao Estado português, recuperar alguma capacidade de estabelecer limites a empresas estrangeiras na comunicação social?

Dificilmente. Não se conhece o conteúdo dessa Lei da Concentração dos Media que por aí anda, mas seja qual for a versão, não pode discriminar a propriedade em função da nacionalidade. O país está obrigado a respeitar a liberdade de circulação de capitais na União Europeia. E ainda bem.

Com o que se sabe e com aquilo que está para vir, não tenhamos a menor dúvida que algo mais terá de acontecer. Os outros grupos, este (Cofina) e os demais, não podem ficar parados. Resta pouco para comprar. Mas há parcerias possíveis, há a ousadia de aumentar oferta, de ampliar mercado.

É bem vinda uma reviravolta. O jornalismo tem-se degradado com o país. É preciso provocar uma mudança cultural nas redacções. Os responsáveis editoriais não podem alhear-se, devem aumentar os níveis de exigência. A qualidade dos patrões é crucial. A sua nacionalidade nem por isso.

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