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Opinião
13 de Março de 2006 às 13:59

Se não for agora, quando será?

Deixemo-nos de cobardices, de conversas enroladas, de cinismos e de azedumes. Este é o momento! Ainda que seja imenso o que tem de ser feito, agora é possível! Portugal pode superar a sua verdadeira crise, que é a crise da inconsequência, a frustração da

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E o momento é este por três razões políticas, por duas razões económicas e por uma razão psicológica.

Politicamente porque temos uma maioria parlamentar, porque esta maioria tem demonstrado vontade e capacidade de transformação e porque temos um presidente forte claramente focado na questão económica. Neste domínio, verifica-se uma concertação de discursos, uma coincidência de prioridades e uma afinidade de lógicas.

Se Portugal não aproveitar esta «constelação» política, se não for esta a configuração propícia, que outra haverá que nos sirva?

Economicamente porque a situação nacional e mundial têm manifestado tendência a melhorar e porque as novas tecnologias são um mar de oportunidades de negócio, de inovação e de criatividade. A economia mundial está sujeita a uma enorme pressão concorrencial que tenderá a acentuar-se através do mecanismo dos preços mas, simultaneamente, um crescente e esmagador número de novos consumidores e mercados abre-se, em catadupa, a quem tiver visão.

E psicologicamente porque só podemos estar fartos. Fartos de ver os problemas a vencerem as soluções, fartos do peso do passado, fartos da lentidão.

Porém, é necessário aguçar o sentido crítico e dizer bem claro quais são os exemplos que queremos seguir e quais são as práticas que vamos rejeitar. O tempo não é de grandes tiradas filosóficas ou de grandes reformas ideológicas, mas de pequenas afinações, de mudanças de pequenos processos, de alteração pontual de regras e de práticas a que nos habituámos como se fossem determinações naturais.

É preciso dizer que, apesar do momento de optimismo, nada está garantido. Como prova a tomada de posse do novo Presidente.

A velha e medíocre mentalidade derrotou Cavaco Silva logo no primeiro dia.

Mário Soares, provando que só tem chá quando está na mó de cima, mostrou-se incapaz de saudar pessoalmente Cavaco Silva, remetendo-se para uma oposição de princípio que faz parte da velha concepção.

Cavaco Silva foi obrigado a cumprimentar mais de quatro mil pessoas, uma a uma, a todas apertando a mão, a todas dizendo umas palavras, numa prova de esforço muscular e de salivação sem outra lógica que não seja provar a excelência da sua condição física e oferecer ao cortejo de gente um prémio de importância.

O próprio parlamento deu mostras da sua inexcedível poeira ao abrir a sessão lendo uma acta, mal escrita, pior lida, politicamente irrelevante, das peripécias das contagens dos votos das eleições presidenciais.

Uma banda da GNR, símbolo mais que imperfeito da República, tocou a Portuguesa pelo menos quatro vezes quando por certo tudo teria sido mais português se Maria João Pires a tivesse tocado.

E os três ramos das Forças Armadas, em parca parada, ombro-arma, apresentar-arma, repetiram ao infinito procedimentos que mereciam outra dimensão estética, outra dignidade militar, outra encenação.

É urgente mudar as pequenas coisas. Se não for agora, quando será?

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