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11 de Janeiro de 2008 às 13:59

O melhor aeroporto do mundo

Construir o aeroporto em Alcochete é uma boa decisão. Porque qualquer decisão é melhor que a não decisão. Portugal, cujo único recurso natural diferenciado de que dispõe favorece o turismo, não pode mais amargar nesta eterna Síndroma-Alqueva de tardar em

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Nove anos e 25 milhões de euros em estudos depois da primeira “decisão irreversível”, Ota não há. O que há é um País que está fora da agendas de grandes operadores turísticos, que tem filas de espera de voos sem horários para aterrar, uma TAP que cresce depressa demais para o que Lisboa pode comportar.

Perdeu-se pelo menos mais um ano a partir do “jamais” que se popularizou na boca de Mário Lino. E inventou-se a utilidade do “critério técnico” para dar suporte àquilo que sempre aconteceria: uma decisão política.

Alcochete é uma decisão puramente política. Um relatório técnico só veta, não vota. E o do LNEC assim é: não obsta a qualquer das alternativas, assiste à escolha em Alcochete como podia assistir à escolha na Ota. Se Sócrates tivesse dito ontem que o estudo do LNEC não tinha trazido argumentos suficientes para mudar a decisão e sacrificar todo o trabalho preparatório feito para a Ota, falaria inteiramente verdade.

Não há no relatório do LNEC uma evidência inquestionável de que Alcochete é inequivocamente melhor que a Ota. Pelo contrário, o relatório aproxima as duas localizações: ambas custam a enormidade de quase cinco mil milhões de euros; Alcochete é ambientalmente menos mau do que se supunha; é melhor em segurança e operacionalidade, o que no entanto não pode significar que a Ota tenha em seis meses passado a ser insegura ou inoperacional.

Rematando: a decisão é política, favorece alguns poderes políticos e empresariais em detrimento de outros, há lóbis que venceram outros lóbis (mesmo com o argumento falsificado da poupança de custos) e muita gente ganha a taluda com esta decisão. Mesmo havendo questões em aberto. A Portela será desactivada quando? As duas pistas em Alcochete são construídas em simultâneo? A privatização da ANA avança como?

É justo fazer o elogio à mudança a que o Governo se dispôs. Quando recuou e admitiu estudar Alcochete enfiou-se num beco de onde seria difícil sair bem. Mas dizer que esta mudança de opinião do Governo é uma vitória da sociedade civil é outra falácia para afagar o ego colectivo. O que houve foi um lóbi que teve Francisco van Zeller como “cavaleiro branco”, ganhou a cobertura política do Presidente da República e virou a opinião pública contra a “decisão irreversível” da Ota.

O primeiro-ministro decidiu ser ele próprio a anunciar a escolha em Alcochete. Fez bem. Fê-lo no dia seguinte ao recuo no referendo ao Tratado da UE, compactando a tensão mediática. José Sócrates despachou o referendo na 4ª feira. Despachou o aeroporto na 5ª feira. Só lhe falta despachar Mário Lino.

Mário Lino é material de qualidade para ministro mas tornou-se uma imagem fracassada nas Obras Públicas. Vale muito mais do que isto (o que, dizem, lhe pode valer uma segunda oportunidade noutro Ministério). Com a decisão em Alcochete, Mário Lino engoliu um sapo de tamanho paquidérmico. Melhor: ele é o próprio sapo desta história. E que aprendeu a nunca mais dizer nunca. Jamais.

O aeroporto na Ota morreu. Viva o aeroporto em Alcochete. Agora, construam-no, porra!

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